Observatório Tucum #30

Arte da capa: colagem digital de Moara Tupinambá. Obra: Txucarramãe em Mairi, 2020

Toda semana aqui no blog, nosso radar do movimento indígena

Xingu em alerta

A destruição no Xingu não dá trégua. O monitoramento de julho e agosto do Sirad X, o sistema de monitoramento da Rede Xingu+, alertou para um aumento acelerado do desmatamento na região, principalmente em áreas protegidas legalmente. Em agosto foram destruídos 28,7 mil hectares na bacia — o maior valor desde janeiro de 2018, data de início do monitoramento do Sirad X. O bimestre somou um crescimento de 39%, em comparação com o mesmo período do ano passado. Fonte: ISA

Desmusealizando o museu

Durante o primeiro semestre de 2021, a artista visual Moara Tupinambá e a museóloga Barbara Xavier participam de uma residência artística no MAM-Rio trocando cartas em que dialogam sobre suas experiências com a instituição museu e de como tudo isso perpassa suas identidades. via @moaratupinamba

“Dessa forma questiono: que estereótipos o Museu tem criado sobre o sujeito indígena?
Como o Museu também tem a responsabilidade em matar a nós, indígenas? Como o Museu tem negado a nossa existência no presente? Como o Museu confunde a história da diversidade dos povos deste país? Como o Museu rouba a nossa essência e existência? Como o Museu pode contribuir para que os nossos poucos territórios demarcados e auto demarcados continuem re-existindo? Como o Museu pode ser aliado na luta pela construção de políticas públicas para os povos originários? Como o Museu pode de fato colaborar com uma economia coletiva que reverta para as nossas comunidades e que possam de fato construir narrativas de felicidade para os povos originários nesta ficção de país democrático que chamamos de Brasil?” Trecho da carta 2, de Moara para Barbara.

A América da artista Sallisa Rosa

A mostra individual da artista indígena Sallisa Rosa, “América”, tem abertura dia 13 de novembro, marcando a segunda edição do programa de exposições SUPERNOVA. Salissa reflete sobre arte, território e materialidade da terra, transitando entre fotografia, vídeo, instalações e tendo especial interesse por obras participativas, em que convida profissionais da cerâmica e bioconstrução para trabalhos conjuntos, caso do que será apresentado em “América”. “Uma das peças principais é a urna, que se chama ‘Urna da memória’, representando a ancestralidade. Essa urna é acompanhada de 35 potes. 35 é a idade da artista e representa a ‘Abya Yala’, termo do povo Kuna que significa ‘Terra madura’.”, diz Beatriz Lemos, curadora adjunta do MAM-Rio.

Sallisa Rosa. Foto: Matheus Freitas / MAM Rio

Ouro da destruição

Reportagem feita em parceria entre a Repórter Brasil e Amazônia Real revela o caminho tortuoso do ouro retirado de garimpos brasileiros até o exterior, gerando ganhos altíssimos e suspeitos para a maior exportadora de ouro de garimpo do Brasil. Parte do metal exportado pela empresa pode ter origem ilegal, muitas vezes extraído de forma clandestina de terras indígenas e florestas protegidas na Amazônia, com danos sociais e ambientais irreversíveis. Fonte: Amazônia Real

Garimpo ilegal na terra indígena Munduruku, no Pará. Foto: Marizilda Cruppe/Amazônia Real/Amazon Watch/17/09/2020.

Troca de saberes

A resistência dos indígenas Guarani Kaiowá encontrou a ação solidária de camponeses no dia 13 de agosto, quando 3,4 toneladas de sementes crioulas e agroecológicas foram entregues às comunidades indígenas no Mato Grosso do Sul. Além da entrega das sementes, a ação proporciona a troca de saberes entre camponeses e indígenas na busca de soluções de manejo dos grãos e dos bioinsumos. Fonte: Comissão Pastoral da Terra.

Salve uma nascente

O Cerrado é a mais importante área de recarga hídrica do Brasil. É nele que brotam importantes rios que percorrem nosso país. O Cerrado equivale a mais de 1/3 do território brasileiro e é a savana mais biodiversa do mundo, entretanto a cada ano, 10 rios desaparecem. O cenário é estarrecedor. A campanha “Salve uma nascente” vai até 30/10 e  foi criada para realizar processos de formação junto a comunidades e camponeses(as) cerradeiros(as) na luta em defesa das águas, da terra e das florestas. A ideia é que eles se tornem multiplicadores e, assim, vamos construir verdadeiras redes de proteção para as nascentes do Cerrado. Para colaborar, é só clicar aqui.

Conhecimentos Yanomamis

Com orientações dos mais velhos, grupo de pesquisadores indígenas registrou e catalogou 32 tipos de abelhas na Terra Yanomami. O resultado foi reunido na publicação “Puu naki thëã oni: o conhecimento yanomami sobre abelhas”, organizada pelo antropólogo Bruce Albert e o geógrafo Estêvão Senra. “Temos várias abelhas nativas de tipos diferentes na floresta Yanomami. O livro é um trabalho extremamente importante, não só para os jovens, mas para as futuras gerações, Para que saibam a importância das abelhas e mais sobre a nossa cultura”, diz Dário Kopenawa, vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami.

https://acervo.socioambiental.org/acervo/publicacoes-isa/puu-naki-thea-oni-o-conhecimento-yanomani-sobre-abelhas

FLIP 2021 conecta as plantas e a literatura

Nhe’éry (pronuncia-se nheeri) é como o povo Guarani chama a Mata Atlântica, uma denominação que revela a pluriversalidade da floresta. Como explica o cineasta e liderança do povo Guarani Mbya, Carlos Papá, Nhe’éry quer dizer “onde as almas se banham”. Além disso, Nhe’éry também conduz mensagens através de fios de palavras. A Flip, em sua 19ª edição, trabalha pela primeira vez com um coletivo de curadores, uma floresta curatorial. Coordenados pelo antropólogo Hermano Vianna, nomes como a fundadora do Selvagem – Ciclo de estudos Anna Dantes e João Paulo Lima Barreto, antropólogo do povo Tukano farão a curadoria do evento que, desta vez, quer atuar como um laboratório de aprendizagem dos ensinamentos a partir de Nhe’éry. A Flip acontece entre 27 de novembro e 5 de dezembro, no formato virtual. Saiba mais: https://www.flip.org.br/noticia/nheery-plantas-e-literatura

E essa mesa? Imperdível!