II Marcha das Mulheres Indígenas, Brasília. set/2021. Foto: Raissa Azeredo | @raissaazeredo
No mês da Mobilização Nacional Indígena, delegações de povos de todo o Brasil chegam à Brasília para o Acampamento Terra Livre, sob o tema “Retomando o Brasil: Demarcar Territórios e Aldear a Política”
Dados do Censo 2010 mostram que cerca de 900 mil indígenas de 305 etnias vivem no Brasil, o que corresponde a apenas 25% da população indígena na época da invasão portuguesa. Apesar das inúmeras tentativas de apagamento e extermínio, as populações indígenas seguem em guerra, resistindo ao longo de 522 anos contra uma sociedade pautada em estruturas coloniais como projeto de poder para promover o genocídio dos verdadeiros donos dessa terra que chamamos de Brasil.
Contabiliza-se pelo menos 700 povos-nações-mundos-etnias extintos e entre os que aqui estão, permanece o sofrimento da asfixia às suas culturas e saberes. 57% dos indígenas brasileiros não conhecem sua língua nativa, o que simboliza o martírio etnico-cultural a que estas populações estão expostas histórica e sistematicamente. Acossados por uma lógica de exploração e violência, os povos indígenas protagonizam um dos maiores movimentos de resistência da humanidade, lutando por suas vidas e pela vida do planeta.
No mês em que se comemora o “descobrimento” do Brasil, estes povos, plurais, perseverantes e guerreiros se unem pelo direito de re-existir. Diante de um projeto de extermínio levado a cabo pelo poder público através do descaso ao acesso à saúde e à educação, do desmonte das instituições de proteção aos territórios e do lobby nefasto movido pelo agronegócio, as invasões deliberadas às terras indígenas por garimpeiros, madeireiros e outros criminosos constituem ameaças que atentam contra a vida desses povos pelos quatro cantos do país. Todos os dias, há mais de cinco séculos, terras, corpos e saberes indígenas são saqueados, invadidos e violentados.
Abril é o mês que o movimento indígena demarca sua re-existência e organiza uma agenda repleta de mobilizações para mostrar ao mundo que nunca deixarão de lutar para proteger suas vidas, suas casas e seus conhecimentos ancestrais. Para marcar este mês de luta, o Acampamento Terra Livre (ATL) reúne delegações indígenas vindas de norte a sul do Brasil para debater e lutar por seus direitos, fincando suas bandeiras na capital do país e fazendo ressoar seus maracás, suas vozes e suas lutas.
A Tucum segue junto nessa re-existência na missão de aproximar a sociedade dessa luta que é a mãe de todas as lutas e também para lembrar que não pode existir uma sociedade justa sem que os direitos dos povos originários sejam respeitados. Acompanhe nossa página, comente, compartilhe nossos conteúdos, assine nossa newsletter, fique de olho aqui no blog. Ouça o chamado e esteja ao lado dos povos indígenas nesse front!