Observatório Tucum

Foto: Guerreiras Kayapó, Brasília. 2021. Foto: Mídia Índia.

Toda semana aqui no blog, nosso radar do movimento indígena

ALIANÇA EM DEFESA DOS TERRITÓRIOS
Os povos Kayapó, Munduruku e Yanomami estão unidos em uma aliança inédita pela proteção de seus territórios do garimpo ilegal e se mobilizam para barrar o projeto de lei 191/2020, que pretende regulamentar a mineração nos territórios. As lideranças definem ações e estratégias e combater a destruição provocada pela invasão da atividade ilegal, que destrói a floresta amazônica, envenena os rios, cria conflitos e ameaça a vida das futuras gerações.Apenas nas Terras Indígenas, a área ocupada pelo garimpo cresceu 495% entre 2010 e 2020. Os territórios Kayapó (PA), Munduruku (PA) e Yanomami (RR) são as mais impactadas pela exploração ilegal de ouro, respectivamente. Com a tramitação do PL, que já está sendo chamado de projeto da morte, a aliança ganha musculatura com a união de lideranças indígenas que dizem não à mineração. Fonte: ISA

Maial Paiakan, Davi Kopenawa e Alessandra Munduruku: unidos contra as invasões a seus territórios. Foto: Fred Mauro/ISA.



SONHOS SELVAGENS
Para o clã Kehiriporã (do povo Desana), ou filhos dos desenhos do sonho, antes do mundo existir, ele foi sonhado. A vida, o mundo, ou o que fazemos dele, seria um desenho feito em uma dimensão invisível durante a vigília. Durante todas as terças de abril, o ciclo SONHOS consultará conhecimentos de pessoas, culturas e povos que confiam na linguagem e no poder transformador dos sonhos. A artista Zoé Dubus, autora das obras que ilustram o ciclo, vai acompanhar os encontros e criar desenhos a partir das conversas. O pensador Ailton Krenak é o mediador dos sonhos deste ciclo. Inscrições: http://selvagemciclo.com.br/ciclo-sonhos/

05/04 _ CAMINHO-SONHO
Conversa com Nastassja Martin, antropóloga e autora do livro “Escute as Feras”.

12/03 _ PLANTA-SONHO
Conversa com Leandro Altheman, jornalista e antropólogo, autor do livro “Muká, A Raiz do Sonho”.

19/04 _ DESENHO-SONHO
Conversa com Sidarta Ribeiro, professor de Neurociências e autor de “O Oráculo da Noite”.

26/04 _ VIDA-SONHO
Conversa com Cristine Takuá e Moisés Piyãko. Cris é filósofa, rezadora, parteira, educadora e artesã. Moisés é um respeitado xamã e profundo conhecedor das tradições espirituais de seu povo, os Ashaninka.


ANCESTRALIZOU
É com imensa tristeza que nós, da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) informa a notícia do falecimento do nosso querido e talentoso artista indígena Benício Pitaguary. Hoje dia 28 de março é um dia triste para todo o povo Pitaguary, pois perdemos nosso irmão querido, Benício Pitaguary, liderança jovem. Benício era daqueles insubstituíveis, sempre sorrindo, sempre levando alegria a todos aonde chegava, fortaleceu a Juventude Pitaguary, fortaleceu o movimento na aldeia, e tinha no coração a força dos encantados. Era mais que uma liderança, era um irmão para todos e todas da nossa comunidade. Sempre nos dando forças para continuar a luta, era incansável, estava sempre disposto a construir ideias e movimentos que dessem força ao nosso povo, a nossa juventude, sempre com ouvidos atentos aos nossos mais velhos, firme na luta indígena. Artista Plástico e especialista em grafismos indígenas, era uma das nossas principais referências no assunto. Fonte: APIB.


LEVANTE FEMININO NA ARTE URBANA AMAZÔNICA
Yapai Waina é o primeiro festival internacional de graffiti feminino da Amazônia Brasileira. A primeira edição aconteceu na cidade de Presidente Figueiredo, no estado do Amazonas, com a presença de artistas de várias regiões do país. YAPAI WAINA significa LEVANTA MULHERES na língua Kokama, povo originário das artistas e organizadoras do festival Kina e Chermie Ferreira (@ruidos.das.aguas)

Pintura da artista KINA Foto: reprodução Instagram/Kina



ABRIL INDÍGENA
O Abril Indígena é o mês das grandes mobilizações populares do movimento indígena e um dos seus principais marcos é o Acampamento Terra Livre (ATL), que acontece em Brasília de 4 a 14 de abril. A 18ª edição do ATL chega sob o tema: “Retomando o Brasil: Demarcar Territórios e Aldear a Política” e é uma das mais emblemáticas da história da mobilização, depois de um intervalo forçado no formato presencial por conta da pandemia e também por se tratar de um ano eleitoral, com imensas ameaças em forma de projetos de lei em trâmite no Congresso. As comitivas já estão em preparação, vindo dos quatro cantos do país. Bora fortalecer?

Apoie o ATL 2022



AVISA QUE SÃO ELAS!
As lideranças Sonia Guajajara e Célia Xakriabá anunciaram suas pré-candidaturas para as eleições de 2022, fortalecendo a formação da Bancada do Cocar. Na disputa por uma vaga como deputadas federais, Sonia concorre pelo PSOL/SP e Célia pelo PSOL/MG. Avante!

“Nós estamos aqui na resistência, nesse embate direto, e com esse sentimento de aldear o Congresso Nacional, de trazer pessoas para participar dessa construção, que nós, a Apib (@apiboficial) decidiu colocar nossos corpos para ocupar também a política institucional.” Foto: Mídia Ninja.

“Queremos não somente ter uma política na história, queremos ser e fazer história na política.” Foto: Divulgação/UFMG.


ESCRAVIZAÇÃO INDÍGENA NO BRASIL
Em 1° de abril de 1680 foi decretado o fim de novos cativeiros de indígenas no Brasil pelo reino português e a data ficou conhecida como o Dia da Abolição da Escravização dos Índios no país. O professor José Ribamar Bessa Freire, do Programa de Estudo de Povos Indígenas da Uerj, diz que a lei foi mais uma “pegadinha” de 1o de abril e fez parte da luta entre colonos e jesuítas pelo controle da mão-de-obra nativa, pois a medida não abrangia os indígenas em cativo antes da promulgação do decreto, fazendo com que o título se tornasse equivocado.

Spix e Martius. Negociantes contando índios. Viagens pelo Brasil, vol.3

A participação dos jesuítas neste debate acabou levando o público a ver os padres daquele período como defensores da liberdade indígena. Apesar das condições de trabalho nas propriedades das ordens serem superiores que nas dos colonos, não era verdade que as os religiosos estivessem lutando pela liberdade dos nativos, como declarou o professor:
– Na verdade, o que (o padre Antônio) Vieira estava pedindo (com a lei de 1680) não era a liberdade dos índios. Era o controle dos jesuítas sobre os chamados índios livres. Tanto que, quando saiu o regimento do resgate, os jesuítas passaram a fazer parte de suas tropas. Isso caracteriza bem que, na verdade, eles não estavam lutando pela libertação dos indígenas.
Sob controle dos jesuítas, bem como de outras ordens religiosas, os indígenas seriam empregados em suas propriedades, gerando recursos para financiar as atividades da Companhia de Jesus.

‘Onde há dinheiro a ser feito na Amazônia, seja para cortá-la ou tomar suas riquezas enquanto a deixam em pé, indígenas acabam mortos. Essa foi a história de uma centena de anos atrás, e é a história de hoje. Um século de declarações de direitos humanos e inúmeros planos elaborados para salvar a floresta, não fizeram muita diferença; eles não farão até o momento que os índios, quem são os donos das terras, sejam colocados no centro do debate. Eles provaram ao longo dos anos que eles são de longe os melhores guardiões de sua própria terra.’ O diretor da Survival International, Stephen Corry. FONTES: Revista Cenarium e Survival Brasil.

De acordo com relatório da Comissão Nacional da Verdade, mais de 8.300 indígenas foram assassinados durante a ditadura. O Relatório Figueiredo foi um dos principais documentos revelados pelas investigações da CNV sobre o massacre aos indígenas entre os anos 60 e 70 no Brasil.