Conheça a realidade do povo KRAHÔ: os Guardiões do Cerrado
No coração do cerrado, entre as curvas dos rios Manoel Alves Grande e Manoel Alves pequeno no nordeste do Estado do Tocantins, está situada a Terra Indígena Krahô. Autodenominados mehi, que significa “nosso corpo” os Krahô fazem parte dos povos Timbira da família linguística Jê.
No passado o povo Krahô ocupava um amplo território no Brasil Central, hoje reduzido a 3.200 km2 demarcados na década de 1940, após muita luta e um massacre promovido por fazendeiros da região.
“ Nós, os Krahôs, somos os Guardiões do Cerrado!”
Atualmente são 3663 indígenas vivendo em 38 aldeias que contribuem e lutam ativamente pela preservação do Cerrado, o segundo maior bioma da América do Sul e uma das savanas mais ricas do mundo.
Suas terras abrigam as nascentes das principais bacias hidrográficas brasileiras, além de uma vasta diversidade biológica e cultural.
Hoje em dia o Cerrado é um dos ecossistemas mais ameaçados pela devastação, em menos de 50 anos quase 50% da vegetação original desapareceu e 30% da área virou pasto. Ameaçando sobretudo o ciclo de chuvas, o carregamento dos rios do país e a reprodução da biodiversidade.
Para os Krahô o Cerrado é vivo, constituído pelos mais diversos ambientes, animais e plantas, todos seres que pensam, sentem e agem no mundo a sua forma e com os quais os Mehin se relacionam, cosmovisão e sabedorias ancestrais que têm sido transmitidas de geração em geração pelos mais velhos e sendo renovada pelos mais jovens.
Esses saberes contribuem em muito para a preservação da imensa diversidade do Cerrado, tornando o povo Krahô um dos principais responsáveis pela conservação desse bioma.
A pandemia da COVID-19 é uma ameaça para toda a humanidade já chegou nas Aldeias Krahô, e diante da omissão e da falta de assistência do poder público no Brasil, eles precisam com
urgência do nosso apoio para continuar resistindo, fortes como o Cerrado!
Os desafios do povo Krahô durante a pandemia
As dificuldades são muitas, e começam no desmonte que os próprios órgãos encarregados de atuar com os povos indígenas, como a Funai e a Secretaria da Saúde Indígena (Sesai), vem enfrentando de forma ainda mais latente sob as políticas genocidas do atual Governo.
O Polo Base de Saúde Indígena responsável por atender as Terras Indígenas Krahô possui apenas 2 médicos e 1 enfermeiro. A equipe visita as aldeias uma vez por mês e a condição das estradas entre as cidades e aldeias dificulta também o acesso ao polo que é responsável pelos suprimentos.
Uma das principais estratégias de enfrentamento ao coronavírus desenvolvidas pelo povo Krahô é a criação de barreiras físicas que funcionam como controle sanitário e de acesso. Além da fiscalização do fluxo de pessoas nas barreiras, com anotação dos dados daqueles que entram e deixam as aldeias, é feita a higienização de utensílios, mantimentos e automóveis.
Este mapeamento vem auxiliando também a identificação de casos suspeitos, favorecendo a tomada de medidas de ação ágeis. Os guerreiros responsáveis pela fiscalização das barreiras sanitárias afirmam inclusive que além de auxiliar a conter o alastramento da doença, o controle vem ajudando a impedir a retirada ilegal de madeira e as invasões às suas terras.
Porém a população local vem enfrentando dificuldades com o esgotamento de recursos necessários para manter o funcionamento eficaz das barreiras.
Os gastos incluem itens de necessidade básica, como alimentação para os guerreiros Krahô, produtos de higiene e equipamentos de segurança como máscaras e luvas descartáveis.
Campanha Salve Krahô: unidade para enfrentamento ao Coronavírus
Diante das dificuldades enfrentadas pelo povo Krahô, da ausência e da omissão do poder público na prevenção e no combate ao covid-19, a partir de uma articulação formada por lideranças de diversas aldeias mehin e parceiros não-indígenas foi criada a campanha Salve Krahô.
Uma rede de apoio voluntária e sem fins lucrativos, que tem como objetivo fortalecer as ações de prevenção e o combate à Covid-19. A articulação tem à frente duas associações indígenas: a Hôxwa (da aldeia Manoel Alves) e o Centro Cultural Kajre (da aldeia Pedra Branca).
A arrecadação de recursos feita pela campanha ocorre por meio de doações e editais. A prestação de contas é feita mensalmente no site da Salve Krahô, junto com um relato detalhado das atividades realizadas.
Até o momento, as principais ações promovidas pela rede de apoio estão organizadas em quatro eixos: estruturação e manutenção de uma barreira sanitária, a produção de diferentes materiais informativos, o apoio ao trabalho dos Agentes de Saúde Indígenas e a articulação com organizações governamentais e não governamentais. Você pode conferir com detalhes a atuação e os impactos da campanha clicando aqui.
Em um momento em que o mundo para diante dos efeitos devastadores da covid-19, temos que ouvir e apoiar aqueles que sempre nos ajudaram a ouvir a natureza, aqueles que preservam as maiores áreas contínuas de biomas brasileiros, que carregam consigo a ancestralidade e a sabedoria que podem nos ajudar a projetar um amanhã sustentável.
Para fortalecer a rede Salve Krahô e ajudá-los a enfrentar o coronavírus você pode fazer doações através da campanha de financiamento coletivo no Vakinha Salve Krahô ou através de transferência bancária:
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