Observatório Tucum

Terra Indígena Vale do Javari, AM. Foto: Bruno Kely/Amazônia Real

Toda semana, nosso radar sobre o movimento indígena

#CADÊBRUNOEDOM
O indigenista Bruno Araújo Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips seguem desaparecidos desde a manhã de 05 de junho, quando viajavam em uma embarcação entre a comunidade ribeirinha São Rafael e a cidade de Atalaia do Norte, no estado do Amazonas. Nesta região, avança de forma cada vez mais descontrolada a violência exercida mediante a invasão das terras indígenas e outras terras da União, a repressão contra a liberdade de imprensa e a ameaça impune contra a vida e a atuação de servidores públicos engajados no cumprimento da Constituição Federal.

Assistimos uma vez mais o atual Governo Brasileiro se omitir de suas responsabilidades diante da escalada de violência contra os povos indígenas e defensores de direitos humanos no Brasil.

É urgente uma ação eficaz de apuração e busca imediata: cada hora que passa coloca em risco definitivo a possibilidade de sobrevivência dos dois desaparecidos, ao mesmo tempo em que faz crescer a consolidação de um território sem lei, nas mãos de criminosos confiantes nos seus plenos poderes perante a incapacidade de atuação dos representantes legítimos do Estado de direito. (via@eloyterena)

Leia mais: https://amazoniareal.com.br/emboscada-vale-javari/

Alerta Indígena
A ativista Txai Suruí marcou presença na Estocolmo+50, reunião que celebra os 50 anos da primeira conferência do mundo sobre meio ambiente e discute o bem-estar futuro da humanidade. “Quando 20 mil garimpeiros estão dentro de uma terra indígena, e todo mundo sabe que estão estuprando mulheres e crianças, onde pessoas estão passando fome, é uma guerra. A gente está vivendo uma guerra, só que é invisível, as pessoas não olham”, disse em entrevista especial à DW. Fonte: Casa Ninja Amazônia.



Índio, não! Indígena!

Em sua coluna no NEXO Jornal, a historiadora Lilia Schwarcz reflete sobre o veto do governo à proposta de lei que substituiria o Dia do Índio pelo Dia dos Povos Indígenas.

“Em primeiro lugar, povos indígenas consideram o termo “índio” pejorativo por evocar um estereótipo presente já durante o período colonial, que os caracterizou como “bárbaros” e “incivilizados”. Além do mais, índio é um termo genérico, que não distingue as especificidades existentes entre os povos indígenas, tampouco suas riquezas linguísticas, cosmológicas e culturais. Também não considera as especificidades regionais e de tempo de contato com a sociedade não indígena. Índio é, pois, um conceito genérico que repõe preconceitos vindos do passado e enraizados no presente, não considerando a pluralidade desses povos.
(…)
Indígena significa “natural do lugar que se habita” ou “aquele que está ali antes dos outros”. Sendo assim, não só reconhece a ancestralidade desses povos, como sua grande pluralidade. O certo é que se índio já virou um jargão fácil e exotizante, indígena permite reconhecer que cada povo é único e que deve ser, portanto, respeitado como tal. Por fim, indígena é o termo sancionado pelo ativismo e pela intelectualidade indígena, e exprime, pois, uma reação aos traumas do passado que se inscrevem no presente. Assim, contra o conforto classificatório criado por uma historiografia e uma história do pensamento por demais brancas e ocidentais, é passada a hora de interromper vozes hegemônicas e reconhecer outros locais de fala.” Fonte: NEXO

Máfia do Garimpo
O prefeito Valmir Climaco (MDB) de Itaituba, no Pará, mais uma vez se torna notícia por uma declaração polêmica. O município está localizado em uma das maiores áreas de garimpo ilegal no Brasil, e em áudio compartilhado ele afirma que vai seguir legalizando novos projetos de atividade garimpeira na cidade. Em abril deste ano, a pedido do Ministério Público Federal, a Justiça Federal em Itaituba cancelou o licenciamento de uma área de garimpo de mais de mil hectares que estava localizada dentro da área de preservação ambiental do Tapajós. O local teve sua licença autorizada pela prefeitura de Itaituba, mesmo com o local atingindo outros três municípios e estar dentro de área que deve ser preservada. O garimpo funcionaria dentro da área de preservação APA do Tapajós sem autorização prévia do ICMBio e sem estudos de impacto ambiental. Fonte: APIB

Vai, Soninha!
O lançamento da pré-candidatura de Sonia Guajajara a deputada federal pelo PSOL/SP vai ocupar o Teatro Oficina com toda a ancestralidade indígena, com arte, cultura e política no próximo dia 14/6, a partir de 18h30.

https://www.instagram.com/p/CelqOAQu8Tc/


Direito e Política Indigenista
Começa em agosto uma nova turma do Curso de Extensão *Direito e Política Indigenista*, oferecido pelo departamento de Direito da PUC-Rio, com aulas ministradas pelos advogados indígenas Eloy Terena e Maurício Terena. Estudantes indígenas podem solicitar bolsas por meio do edital e todas as informações estão aqui: https://bit.ly/3M9c5hv

Festival Indígena União dos Povos
Inspirado nos festivais que ocorrem dentro das aldeias e tendo os povos originários como produtores da ação, o Festival Indígena União dos Povos reúne em 4 dias pensadores, cientistas, antropólogos, artistas, ativistas e participantes comprometidos com as lutas dos povos indígenas. Representantes dos povos Yanomami • Huni Kuin • Yawalapiti • Guajajara• Terena • Guarani • Yawanawá • Maxacali • Noke Koi • Paiter Surui • Kariri-Xocó • Macuxi • Tupi Guarani • Mehinako e Munduruku estarão nesta imersão que acontece entre 16 e 19 de junho em Mogi das Cruzes, SP. Rodas de conversas, pinturas corporais, apresentações culturais, cantos, cerimônia com medicinas da floresta, partilhas na fogueira, gastronomia tradicional, exposição e venda de arte e literatura indígena, entre outras ações, fazem parte da programação do Festival no intuito de gerar visibilidade às causas sociais e culturais dos povos originários.

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