Observatório Tucum

Foto: Alfredo Portugal

Comunidades indígenas sofrem com incêndios e seca no Pantanal: ‘Tudo que você planta, morre’

Corumbá é o segundo município brasileiro mais atingido pelas chamas em 2024 – Divulgação/Portal do Governo de Mato Grosso do Sul

Em 2020, um incêndio devastador atingiu a aldeia Barra do São Lourenço, no Pantanal, queimando mais de 2,5 milhões de hectares, incluindo a casa de uma moradora. O cacique Negré, líder do povo Guató, relembra a destruição, quando sua própria mãe teve que ser resgatada pelos bombeiros devido à fumaça intensa. Esse cenário de medo e destruição voltou em 2024, com incêndios consumindo 1,5 milhões de hectares até setembro, principalmente nas áreas próximas à Serra do Amolar e ao rio Cuiabá.

Corumbá, uma das regiões mais afetadas, já teve 741 mil hectares queimados em 2024, ficando atrás apenas de São Félix do Xingu (PA). A seca extrema do Pantanal, que historicamente é uma região alagável, piora a situação, com as planícies secas se tornando altamente inflamáveis. O avanço das pastagens, que já ultrapassam 619 mil hectares, também contribui para a maior frequência dos incêndios.

Foto: Pedro Silvestre/Canal Rural

Na aldeia do cacique Negré, as 30 famílias da comunidade enfrentam a seca severa, que destrói suas plantações e torna a pesca, sua principal fonte de sustento, insuficiente. Enquanto isso, o avanço da pecuária e a ação humana continuam sendo os maiores causadores de incêndios, colocando em risco não apenas o ecossistema do Pantanal, mas a própria sobrevivência dos povos indígenas que dependem da terra para viver. Fonte: Brasil De Fato

Apenas 32% das casas indígenas no Piauí possui coleta de lixo, diz IBGE

Foto: Freepik

No Piauí, cerca de 32% dos domicílios indígenas não possuem serviço de coleta de lixo, segundo o Censo Demográfico do IBGE. Dentre as residências indígenas sem coleta, a maioria (29%) queima o lixo em suas propriedades, enquanto uma pequena parcela (1,51%) descarta o material em terrenos baldios ou áreas públicas. Esses dados evidenciam a precariedade na gestão de resíduos sólidos entre as populações indígenas no estado.

Comparando com o restante da população do Piauí, 73,67% dos domicílios em geral possuem coleta de lixo, enquanto 68,39% das residências indígenas contam com esse serviço, revelando uma diferença de mais de cinco pontos percentuais. Além disso, a queima de lixo nas propriedades é comum tanto entre os indígenas (29%) quanto no total do estado (24%), destacando práticas semelhantes diante da falta de infraestrutura. Fonte: GPI

Escalada da violência: indígenas Avá-Guarani sofrem novo ataque a tiros em Guaíra, no oeste do Paraná

Indígenas Avá Guarani estão sob ataque desde o início de julho deste ano – Arquivo Cimi Sul

No domingo (13), indígenas Avá-Guarani da aldeia Y’Hovy, no oeste do Paraná, sofreram mais um ataque a tiros enquanto jovens e crianças jogavam futebol. Os disparos foram direcionados também à casa de uma das lideranças da comunidade, mas, felizmente, ninguém se feriu. Esse episódio faz parte de uma série de ameaças e violência que os indígenas da região enfrentam desde julho, quando começaram o movimento de retomada de seu território tradicional.

Os tiros começaram por volta das 18h, disparados de armas de grosso calibre. Testemunhas relataram que viram homens armados em veículos circulando pela área de uma fazenda próxima ao território indígena. Mais tarde, fogos de artifício e novos tiros foram ouvidos e gravados pelos moradores. As autoridades foram acionadas, e a Força Nacional realizou patrulhas durante a noite.

A violência contra os Avá-Guarani intensificou-se desde que eles iniciaram o movimento de retomada da Terra Indígena Tekoha Guasu Guavirá, ainda não demarcada. Em agosto, um ataque deixou seis feridos, dois em estado grave. Mesmo com frequentes denúncias, as ameaças continuam, e os fazendeiros locais e seus capangas seguem representando um perigo constante para os moradores da aldeia. Fonte: Brasil De Fato

MPF apura falta de medicamentos e atendimento médico a indígenas que resultou em morte

Foto: Mobilização Nacional Indígena

O Ministério Público Federal (MPF) converteu um procedimento sobre deficiências no atendimento médico e escassez de medicamentos aos indígenas Haliti Paresi, em Mato Grosso, em um inquérito civil. A decisão foi tomada após a morte de uma criança, atribuída à falta de recursos de saúde na comunidade. O inquérito investiga a ausência de transporte, a falta de medicamentos, e a má gestão de contratos de limpeza e manutenção dos prédios de saúde.

O problema foi exacerbado quando a empresa Localiza desistiu de renovar o contrato com o Distrito Sanitário Especial Indígena de Cuiabá (DSEI/Cuiabá), resultando na devolução dos veículos que forneciam transporte às comunidades indígenas. A Funai e as prefeituras locais auxiliaram emergencialmente, reduzindo temporariamente os impactos. No entanto, a gestão de medicamentos e insumos odontológicos ainda apresentava deficiências.

A Controladoria-Geral da União (CGU) foi acionada para fiscalizar os contratos do DSEI, mas os esclarecimentos fornecidos não foram suficientes. Diante disso, o MPF decidiu ampliar a investigação para apurar o possível descaso no atendimento à saúde indígena, incluindo mortes na comunidade Haliti Paresi devido às falhas no sistema de saúde. Fonte: Gazeta Digital

Indígenas fundam primeira associação Warao na Paraíba

Indígenas warao abrigados em prédios antigos, em situação de extrema vulnerabilidade – Arquivo pessoal

A comunidade indígena Warao, que tem origem venezuelana e vive no Brasil desde 2014, tem enfrentado uma série de desafios desde a pandemia de covid-19. Em meio a dificuldades como a precariedade dos abrigos, a falta de alimentos e a proibição de “permanecerem” nas ruas, os Warao sofrem também com a dificuldade de acesso à Justiça sem intermediários, motivada pela dificuldade linguística, conforme relatou uma liderança indígena. Além disso, após o período mais crítico da pandemia, a comunidade tem sido duramente afetada por mortes recorrentes de crianças, jovens, adultos e idosos na Paraíba, agravando ainda mais a situação de vulnerabilidade.

Diante dessa situação e buscando construir sua autonomia étnica e, assim, um espaço para poder se expressar do seu modo sem a interferência nem intermédio de agentes públicos, como atores sociais, os Warao fundaram, no dia 9 de setembro de 2024, Associação Dariamo Warao da Paraíba, a primeira associação indígena Warao do Nordeste, sendo uma das primeiras do Brasil. A entidade, concebida por indígenas Warao que residem na Paraíba, surge como uma tentativa de garantir a visibilidade e a representatividade da comunidade no cenário político e social brasileiro. Fonte: Brasil De Fato

RODA DE CONVERSA: EDUCAÇÃO INFANTIL INDÍGENA PARA ALÉM DO AMBIENTE ESCOLAR 

No dia 19/10 a Casa Tucum irá promover um roda de conversa sobre a educação Infantil Indígena em um contexto amplo, abordando como ela se expande para além da sala de aula e se conecta com as práticas comunitárias, os saberes ancestrais e a relação profunda com a natureza.

Para essa conversa, temos a honra de receber Gisele Umbelino, Professora de Educação Infantil e Diretora IV Prefeitura do Rio de Janeiro, a Sara Kokama, Professora de Matemática e especialista em Neurociência da Educação pela Universidade Mackenzie Rio, ativista e defensora do conhecimento originário espiritual, e também a Martinha mendonça, professora indígena Guajajara, pedagoga, doutoranda pela UFF, e mãe de Cecília e Bia, atualmente é diretora da Escola Indígena Guarani Para Poty Nhe´ë Ja, membro da Coordenação Executiva do Fórum Nacional de Educação Escolar Indígena (FNEEI) e articuladora do Fórum de Educação Escolar Indígena do Sudeste (FOREEI).

Além da roda de conversa, no dia 19, teremos uma degustação da SoulBrasil e o sorteio de um kit de geleias!


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