Observatório Tucum

Foto: Midia Ninja

Brasil é o segundo país no mundo com maior número de assassinatos indígenas

Foto: CNN

Brasil e Colômbia são os países que concentram mais assassinatos de defensores ambientais no mundo. O relatório da ONG Global Witness divulgado na segunda-feira (9), mostrou que um ativista foi assassinado a cada dois dias em 2023.

Os Povos Indígenas (85) e afrodescendentes (12) representaram 49% do total de homicídios do mundo, mostrando que a disputa, a grilagem de terras e as violências nestes territórios continuam sendo mais intensas, o que gera maior vulnerabilidade para os povos originários. Desde 2012, 766 indígenas foram mortos, representando 36% de todos os assassinatos de defensores do meio ambiente.

No Brasil, aconteceram pelo menos 25 assassinatos e na Colômbia foram 79, o número mais alto já registrado em um país num único ano. Entre eles, o ataque de fazendeiros, organizados pelo movimento de extrema direita, Invasão Zero, em área de retomada do povo Pataxó Hã Hã Hãe, no sul da Bahia resultou o assassinato de Nega Pataxó.

Além da organização dos ruralistas, as pressões institucionais e a lei do marco temporal em vigor, são estímulos para acentuar os conflitos nos territórios.

Os dados brasileiros presentes no relatório foram coletados pela Comissão Pastoral da Terra (CPT). O dossiê anual dos conflitos no campo mostrou que houve um recorde em 2023, com 2.203 ocorrências. Destas, 1.724 foram causadas por invasões, expulsões, despejos, ameaças, destruição de bens ou pistolagem sofridas por pequenos agricultores, comunidades tradicionais e populações indígenas. Fonte: apoinme_brasil

Ação policial contra povo Guarani-Kaiowá termina em morte

Foto: Midianinja

O jovem Neri Guarani Kaiowá foi assassinado a tiros nesta quarta-feira (18) na Terra Indígena Nhanderu Marangatu durante ataque à retomada dos indígenas na Fazenda Barra. Conforme apuração junto ao povo, uma mulher também teria sido atingida na perna por disparos de arma de fogo e os barracos da retomada foram destruídos. A Força Nacional não estava em área.

A violência contra os Guarani e Kaiowá começou na madrugada e seguiu pela manhã. A Polícia Militar arrastou o corpo de Neri para um pedaço de mata. A ação dos policiais gerou revolta entre os indígenas, que passaram a avançar para o local em que o corpo foi levado. Novos confrontos se estabeleceram, mas os policiais seguiram com a decisão de afastar o corpo dos Guarani e Kaiowá. Na noite desta terça (17), vídeos feitos em Antônio João anunciavam a iminência da agressão.

Conforme os indígenas, atiradores “mercenários” estavam junto à PM durante o ataque realizado contra a comunidade. “Foi a PM. Já estão nos atacando desde antes da vinda da Missão de Direitos Humanos”, denuncia uma indígena ouvida. Na quinta-feira (12), três indígenas já haviam sido baleados pela PM na TI Nhanderu Marangatu: Juliana Gomes segue hospitalizada em Ponta Porã depois de levar um tiro de arma letal no joelho; a irmã e um jovem levaram tiros de bala de borracha. Fonte: midianinja

Encontro Nacional dos Estudantes Indígenas celebra 20 anos de resistência nas universidades

Encontro é organizado pela Associação dos Acadêmicos Indígenas da Universidade de Brasília (AAIUnB) – Reprodução/Instagram

Brasília está se preparando para receber mais de mil estudantes indígenas de 26 estados brasileiros durante o XI Encontro Nacional de Estudantes Indígenas (ENEI), que ocorrerá de 16 a 19 de setembro na Universidade de Brasília (UnB). O evento celebra 20 anos de presença indígena no ensino superior e aborda os desafios e conquistas dessas populações nas universidades. A cerimônia de abertura contará com a presença de figuras importantes, como a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, e a deputada federal Célia Xakriabá.

O XI ENEI também discutirá os avanços promovidos pela Lei de Cotas e a permanência dos estudantes indígenas nas universidades. Embora haja conquistas, como a transformação de demandas em políticas públicas, ainda existem barreiras, incluindo a falta de acolhimento e respeito aos saberes indígenas. O evento também celebrará o retorno de egressos aos seus territórios e discutirá a inserção profissional dos indígenas como forma de garantir uma presença transformadora na academia.

Além dos debates, o evento terá uma programação cultural diversificada, com mesas de discussões, oficinas, apresentações científicas, e uma marcha pela descolonização dos espaços acadêmicos. Haverá ainda competições esportivas nos Jogos Universitários Indígenas e noites culturais com apresentações de grupos indígenas, reforçando a força das tradições e a diversidade indígena. Fonte: Brasil de Fato

Terra Indígena Apyterewa é alvo de incêndios criminosos, no Pará

Polícia Federal está investigando o caso para tentar identificar e responsabilizar quem tem provocado os incêndios. — Foto: IBAMA

A Terra Indígena Apyterewa, no sudoeste do Pará, está sofrendo incêndios criminosos após a desintrusão que expulsou invasores de suas terras. Equipes do Ibama, com apoio da Funai e da Força Nacional de Segurança Pública, estão combatendo o fogo, enquanto a Polícia Federal investiga para identificar os responsáveis. Segundo as autoridades, os incêndios têm sido provocados intencionalmente pelos invasores desintrusados, como forma de obstruir a retirada de rebanhos criados ilegalmente na região.

Após a desintrusão, concluída em 2023, parte dos invasores se realocou em vilas próximas e continuam tentando explorar ilegalmente recursos naturais, como lavouras de cacau e pastagens. Para evitar a retomada dessas atividades, o Governo Federal mantém equipes de fiscalização permanentes. A Terra Indígena Apyterewa faz parte da ADPF 709, na qual o STF determinou a retirada de não indígenas e o retorno do território ao povo Parakanã. Fonte: G1

Manto reforçou existência e identidade tupinambá, diz cacica

Cacica Jamopoty Tupinambá é uma das lideranças indígenas que se reencontraram com o manto sagrado – Fernando Frazão/Arquivo/Agência Bras

Após séculos de separação forçada pela colonização, os Tupinambá de Olivença finalmente se reencontraram com o manto sagrado, um dos principais símbolos de sua ancestralidade, no Museu Nacional. Esse reencontro foi celebrado de forma reservada por representantes indígenas, marcando um momento de forte emoção e conexão espiritual. Cacica Jamopoty, primeira líder mulher do povo Tupinambá, descreveu o momento como um resgate da força e pertencimento de um povo que por muito tempo foi silenciado e considerado extinto, mas que agora se reergue.

Apesar de críticas iniciais sobre a maneira como o manto foi recebido ao chegar ao Brasil, esses sentimentos foram superados. Segundo a cacica, o manto, tratado como um “ente vivo” e um “ancião”, voltou para seu povo com o objetivo de fortalecer sua identidade e trazer união não apenas para os Tupinambá, mas para outros povos indígenas também. O cuidado e a proteção dedicados pelo Museu Nacional ao artefato são reconhecidos pelos Tupinambá, que saíram maravilhados após a reconexão.

No entanto, os Tupinambá continuam em diálogo com autoridades, incluindo o Ministério dos Povos Indígenas, para garantir que futuras gerações possam ter acesso frequente ao manto. A cacica Jamopoty ressalta a importância de criar protocolos que garantam que o manto esteja mais próximo de seu povo, assegurando que seu valor ancestral seja compreendido e preservado. Fonte: Agência Brasil