Observatório Tucum

Foto: Agência Pública

Ofício e sabedoria das parteiras é reconhecido como patrimônio cultural nacional.

Segundo o Iphan, as parteiras desempenham um papel crucial na preservação da ancestralidade.

O Iphan ressalta que, ao contrário de outras manifestações regionais, os Saberes e Práticas das Parteiras Tradicionais do Brasil são uma realidade presente em todo o país, com conhecimentos passados de geração em geração que combinam aspectos tradicionais, religiosos e biomédicos.

As parteiras, essenciais na preservação da história ancestral, atuam principalmente em áreas periféricas e comunidades tradicionais, como quilombolas e indígenas. Segundo o Iphan, limitar o papel das parteiras ao auxílio no nascimento é reduzir sua importância, pois elas são líderes comunitárias e fornecem atendimento contínuo e holístico durante toda a gestação.

Um dossiê de 2021 da UFPE descreve as parteiras como mestras com conhecimentos abrangentes sobre a gestação, incluindo práticas fitoterápicas, prescrições alimentares, e mediação religiosa. A coordenadora Marina Duque do Iphan explica que a influência das parteiras vai além da gestação, consolidando-as como líderes comunitárias.

Em 2011, foi solicitado ao Iphan que o Ofício e Saberes das Parteiras Tradicionais fosse reconhecido como Patrimônio Cultural, mas o pedido foi negado. O Iphan argumentou que o registro de patrimônio não era a melhor forma de proteger esses saberes e apontou um possível conflito entre os conhecimentos das parteiras e os da medicina convencional.

Fonte: Almapreta

As parteiras ticunas, da esquerda para a direita: Francisca, Arminda e Lourdes – Rodrigo Pedroso/Agência Pública

As parteiras indígenas desempenham um papel crucial nas comunidades tradicionais, integrando sabedoria ancestral e práticas culturais profundas. Elas não apenas assistem os nascimentos, mas também cuidam das mulheres durante toda a gestação, parto e pós-parto. Usando técnicas passadas de geração em geração, combinam conhecimentos de plantas medicinais, rituais espirituais e cuidados holísticos. Em suas mãos, o nascimento é mais do que um evento biológico; é um ato sagrado que fortalece os laços comunitários e preserva a herança cultural. Sua atuação é vital para a saúde e continuidade das tradições indígenas.

Audiência pública do MPF denuncia negligência do poder público na saúde indígena do Baixo Tapajós

Durante uma audiência pública do Ministério Público Federal (MPF) em Santarém (PA), lideranças indígenas do Baixo Tapajós, Arapiuns e Planalto Santareno denunciaram a precária situação da saúde indígena no oeste do Pará. Investigações do MPF e depoimentos de especialistas destacaram as deficiências estruturais, como a falta de Unidades Básicas de Saúde Indígena (UBSIs), equipes médicas, e equipamentos de resgate. Relatos de discriminação e negação de atendimento também foram mencionados, agravando as dificuldades das comunidades indígenas.

Lideranças indígenas solicitaram a instalação urgente de Unidades Básicas de Saúde Indígena (UBSIs) equipadas e a contratação de agentes indígenas de saúde e saneamento para cuidados preventivos e emergenciais. Discutiram também a criação de um Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) específico para o Baixo Tapajós, já que o atendimento atual está vinculado ao Dsei Guamá-Tocantins, em Belém, distante três dias de barco. As lideranças pediram maior comprometimento das autoridades e ação coordenada entre diversas instituições para melhorar a saúde indígena na região.

O procurador da República Vítor Vieira Alves revelou que, entre 2015 e 2023, o investimento por pessoa na saúde indígena no Baixo Tapajós, Arapiuns e Planalto Santareno diminuiu cerca de 22%. As investigações do MPF mostram lentidão em processos administrativos essenciais para a contratação de recursos como aeronaves e embarcações, e destacam a precariedade das infraestruturas de saúde.

Inspeções revelaram deficiências graves, como superlotação e infraestrutura inadequada na Casa de Saúde Indígena e no Polo Base de Santarém. Além disso, uma pesquisa apontou contaminação por mercúrio em 86% dos indígenas avaliados, levando à criação do Fórum Paraense de Combate aos Impactos da Contaminação Mercurial na Bacia do Tapajós para buscar soluções.

Fonte: ANAI

Movimento indígena alerta a ONU sobre negociações dos direitos em Manaus

O alerta ocorreu após a decisão do ministro Gilmar Mendes de criar uma câmara de conciliação para discutir a tese do marco temporal 

 Joédson Alves/Agência Brasil

Representantes de várias organizações indígenas entregaram um relatório sobre mudanças climáticas à relatora da ONU para direitos ambientais, Astrid Puentes Riaño, durante um evento em Manaus, em 29 de maio.

O documento destaca preocupações com a negociação dos direitos indígenas pelo governo brasileiro e enfatiza a importância da demarcação de terras indígenas para combater as mudanças climáticas. Eles alertaram que a lei do marco temporal, sancionada em 2023, ameaça os direitos territoriais dos povos indígenas e a proteção ambiental. Esse alerta surge após uma decisão do ministro Gilmar Mendes, do STF, de criar uma câmara de conciliação para discutir a questão, o que foi repudiado pela Apib e suas organizações de base.

MORTE E VIDA JAVARI NO AR

Dois anos após as mortes de Bruno Pereira, indigenista, e Dom Phillips, jornalista, um podcast narrado por @rubensvalente mergulha na história do Vale do Javari, região remota na Amazônia onde vive o maior número de indígenas isolados do mundo.

O primeiro episódio da série relembra o massacre de indígenas há 150 anos, liderado pelo Barão de Teffé, um oficial da Marinha Brasileira famoso pela sua participação na Guerra do Paraguai. Agora, é necessário reavaliar urgentemente a imagem de Teffé como um herói intocável.

Disponível agora nos principais aplicativos de podcast, incluindo o spotify e no Youtube.

O podcast é o resultado de 60 dias de trabalho de campo divididos em duas temporadas nos anos de 2022 e 2023. Rubens, juntamente com o documentarista José Medeiros, entrevistou cerca de 40 pessoas enquanto trabalhavam para a Agência Pública. Além dos relatos de indígenas, indigenistas, moradores e pesquisadores locais, eles consultaram arquivos e bibliotecas em Manaus e Benjamin Constant (AM) para investigar profundamente o passado e o presente da região.

O podcast também incorpora material acumulado desde 2013, quando Rubens visitou a região pela primeira vez a convite de Bruno Pereira, então chefe do escritório local da Funai. Naquela ocasião, acompanharam uma assembleia de indígenas Mayoruna em uma aldeia na fronteira com o Peru. Desde então, Rubens e Bruno mantiveram contato, inclusive durante a perseguição que Bruno enfrentou como funcionário da Funai durante o governo de Jair Bolsonaro.

Seminário permanente de cultura indígena. Nós, os indígenas: educação e inclusão além da lei 

No terceiro encontro do Seminário Permanente de Culturas Indígenas, serão as convidadas Sara Rebeca Kokama, especialista em Neurociência da Educação, e Lúcia Tucuju, especialista em literatura infantojuvenil, ambas representantes de seus povos, Kokama e Karumã, respectivamente.

Com o tema “Nós os Indígenas: Educação e Inclusão além da Lei”, o evento ocorrerá em 13 de junho, às 15 horas, no Museu Nacional dos Povos Indígenas. O objetivo é promover reflexões e compartilhamento de experiências educacionais sob a perspectiva de duas professoras indígenas.

Apesar da obrigatoriedade do ensino da história e culturas indígenas e afro-brasileira desde a Lei nº 11.645 de 2008, ainda persistem desafios em sua implementação prática. O seminário é resultado da parceria entre a Casa Dirce e o Museu Nacional dos Povos Indígenas.

Local: Museu Nacional dos Povos Indígenas, Rua das Palmeiras, 55 – Botafogo

Data e Horário: 13 de junho, das 15h às 17h

ENVOLVER: artes visuais, imagem, cultura e sociedade

Fernanda Kaingáng, diretora do Museu Nacional dos Povos Indígenas, será uma das palestrantes no Primeiro Seminário “ENVOLVER: artes visuais, imagem, cultura e sociedade”, organizado pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais (PPGAV) da Escola de Belas Artes da UFRJ, de 4 a 7 de junho, no Paço Imperial.

Na Mesa 3, das 15h às 17h, Fernanda discutirá “Arte indígena e os desafios para a proteção do patrimônio cultural dos povos indígenas”. Outros temas incluem curadoria indígena, memória e território nas artes indígenas contemporâneas, e patrimônios culturais indígenas em museus, apresentados por especialistas da UFRJ e do Museu Nacional.

O seminário abordará diversos temas como fotografia, cinema, cultura visual, patrimônio, memória, entre outros, com o objetivo de promover diálogos entre estudantes, artistas, pesquisadores e interessados no assunto.