Observatório Tucum

Emergência Pataxó
Cacique Pataxó é vítima de emboscada.

Na última segunda-feira (20/05), um líder Pataxó sofreu uma tentativa de assassinato no território Barra Velha. O cacique, cujo nome não será divulgado por motivos de segurança, estava a caminho de Barra Velha quando foi atacado por dois homens em uma motocicleta Brós, que dispararam seis tiros. Quatro dos tiros o atingiram de raspão e dois o acertaram na região das costelas. Este atentado ocorreu próximo ao local onde os jovens indígenas Samuel e Inaui foram assassinados, aumentando a preocupação da comunidade Pataxó, que se sente cada vez mais vulnerável diante de ataques que parecem ser orquestrados por disputas territoriais.

O estado de saúde do cacique permanece instável, mas não há risco de morte. A investigação do caso continua, mas ainda não há pistas sobre os suspeitos. O povo Pataxó clama por justiça e paz, pois não suporta mais os constantes ataques que têm ocorrido com frequência há mais de quatro anos, causando uma sensação coletiva de insegurança. Coincidentemente, o aumento da violência contra os Pataxó começou com a insistência do congresso brasileiro pela aprovação do Marco Temporal.

Sangue Pataxó, Nenhuma Gota a Mais!
Fonte: @abipoficial

Dica, Websérie “Soltando Palavras ao Céu”
A websérie “Soltando palavras ao céu” é composta de 12 episódios nos quais David Popygua, educador e liderança indígena, explora aspectos da cultura Guarani Mbyá, assim como as suas vivências na Terra Indígena Jaraguá, situada na periferia de São Paulo.

Nesta série de 12 episódios inéditos, disponível gratuitamente no YouTube do Museu da Pessoa, David aborda diversos aspectos de sua cultura e suas experiências como professor.

MOSTRA DE CINEMA INDÍGENA

O Museu Nacional dos Povos Indígenas é um dos apoiadores do 25º Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (FICA), que será realizado de 11 a 16 de junho e este ano conta com uma novidade: a Mostra de Cinema Indígena e Povos Tradicionais.

Para a mostra voltada ao fortalecimento da produção audiovisual indígena, foram selecionados nove filmes, sendo três longas e seis curtas-metragens. A curadoria é de Glicéria Tupinambá, artista e pesquisadora da Terra Indígena Tupinambá de Olivença, que destaca o poder do audiovisual em apoiar as lutas e sensibilizar sobre as comunidades indígenas.
O FICA registrou um recorde de mais de mil filmes inscritos de 77 países, o dobro do ano anterior. Além do Cine Teatro São Joaquim, o festival usará uma nova sala no Centro de Memória e Cultura do Poder Judiciário para exibir a Mostra de Cinema Indígena e Povos Tradicionais e mostras de instituições parceiras.

O festival oferece mais de R$ 250 mil em prêmios e licenciamentos em quatro mostras competitivas. Completando 25 anos, o FICA é uma referência nacional e internacional em filmes sobre a relação entre humanos e natureza. O evento é realizado pelo Governo de Goiás, através da Secult, em parceria com a Universidade Federal de Goiás (UFG) e a Fundação RTVE.
Fonte: @museudoindígio


Arqueira indígena brasileira a caminho da Olimpíada

Graziela Santos, membro da etnia Karapanã e originária de uma comunidade próxima de Manaus, é única arqueira indígena na seleção brasileira, que irá participar, a partir de terça-feira (21) da 2ª etapa da Copa do Mundo de Tiro com Arco de 2024, em Yecheon, na Coreia do Sul.

 “Sou a primeira mulher indígena na equipe brasileira de tiro com arco”, diz ela. “Esse é um marco histórico para todos nós.” Ela aspira a ser a primeira mulher indígena a representar o Brasil nos Jogos Olímpicos. No entanto, para ela, ir a Paris significa mais do que realizar um sonho pessoal; seria também uma conquista para um projeto de desenvolvimento na Amazônia que apoia jovens atletas indígenas.

Quando Graziela Santos descobriu o projeto da Fundação Amazônia Sustentável (FAS), ela ainda estava na escola. “Era uma viagem de barco de cinco horas da aldeia onde morávamos até Manaus. Naquela época, havia apenas uma escola primária”, relembra ela em entrevista à DW. Ela soube que a FAS estava iniciando um projeto de arco e flecha e procurava talentos interessados. “Esse esporte faz parte da nossa cultura antiga, pois usamos arcos e flechas há muito tempo”, destaca.

Fonte: DW

VITÓRIA DOS POVOS INDÍGENAS

Numa vitória histórica para os povos indígenas e as comunidades locais, foi aprovado, por consenso, na madrugada de hoje (24 de maio), em Genebra, o Tratado de Propriedade Intelectual, Recursos Genéticos e Conhecimentos Tradicionais Associados. O instrumento é fundamental na luta contra a apropriação dos saberes e fazeres que tem vitimado esses povos há séculos.

A aprovação envolveu décadas de intensas negociações que culminaram na realização da Conferência Diplomática. Durante 11 dias os integrantes das delegações dos países membros da Organização Mundial de Propriedade Intelectual (OMPI) buscaram alinhamento em defesa de seus interesses, mas chegou-se a um consenso que reconhece dos direitos dos povos indígenas e comunidades tradicionais.

A cerimônia de assinatura do documento será realizada hoje e três meses após haver 15 partes contratantes, o tratado entra em vigor. Em seu discurso, o embaixador Guilherme de Aguiar Patriota, eleito presidente da Conferência Diplomática, agradeceu ao Ministério dos Povos Indígenas, na pessoa da Diretora do Museu Nacional dos Povos Indígenas, Fernanda Kaingáng.

“A empresa estrangeira que se apropria do conhecimento de um povo economiza anos de pesquisa e milhões de investimentos sobre aquele princípio ativo. E é justamente esse povo que preserva a biodiversidade em seu modo de vida, que pesquisou, produziu e manteve tal conhecimento, que nada recebe”, ressalta Fernanda.

Texto: @Museudoindiorj