Observatório Tucum #35

Foto de capa: Pirathá Mars | @pira_oficial_photo

Toda semana aqui no blog, nosso radar do movimento indígena

Floresta: sobrevivência, subjetividade e poética

“Nós mudamos o mundo a partir do nosso quintal. Aqui onde eu estou, na beira do rio Doce, me engajo nas rotinas domésticas, na horta, no plantio de árvores. São coisas que eu posso fazer com as minhas mãos e outras pessoas podem fazer junto comigo. Eu acho que a gente tem que tecer esperança a partir de coisas práticas; é a partir do real que nós vamos construindo uma saída”, convida. Entre outras contribuições fundamentais para o entendimento do mundo, Ailton Krenak falou a uma plateia majoritariamente jovem no festival de documentários Porto/post/doc no Porto, em Portugal. Fonte: Amazônia Real

Povo Kawahiva ameaçado

Indígenas isolados da Terra Indígena Kawahiva do Rio Pardo (MT) estão sob risco de extermínio iminente. Devido à ação de invasores e ameaças a servidores da Fundação Nacional do Índio (Funai), a Força Nacional foi recentemente autorizada a agir por um mês a pedido do Ministério da Justiça e Segurança Pública. No entanto, para indigenistas, o período da operação é insuficiente para conter o avanço da grilagem, que destruiu até outubro 930 hectares no entorno do território, segundo o boletim Sirad Isolados, do Instituto Socioambiental (ISA). Fonte: ISA

Justiça para quem?

A juíza Sissi Marlene Dietrich Schwantes, da Vara Cível Única de Alto Alegre (RR), autorizou a reintegração de posse da Comunidade Pium, que fica na Terra Indígena Pium, região Tabaio, que é homologada há 30 anos pela Fundação Nacional do Índio (Funai). A decisão da juíza foi a favor de ruralistas e produtores de soja, que alegam serem donos das terras. A área reivindicada é de ocupação tradicional dos povos Macuxi, Wapichana e Sapará. A reintegração de posse integral determinada pela juíza foi cumprida nesta quarta-feira (01) por homens fortemente armados e com escudos do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) da Polícia Militar. Durante a ação, 15 casas dos indígenas foram destruídas e queimadas na Comunidade Pium. Fonte: Amazônia Real

É ela! É Célia!

Célia Xakriabá foi uma das vencedoras da categoria “Redes” do Prêmio Arcanjo de Cultura por sua atuação ao quebrar fronteiras difundindo a luta indígena no Brasil e no mundo. Para quem não sabe, Célia é professora, pesquisadora, escritora, poeta e ativista, levando sua voz mundo afora na luta pelo território. Primeira Mestra de seu povo, Célia é doutoranda em Antropologia pela UFMG.

Célia na premiação no Theatro Municipal de SP. Foto: Mídia Ninja.

Narcotráfico e desmatamento

Mais de cem lideranças indígenas do Brasil e do Peru denunciaram a relação do avanço do narcotráfico com o desmatamento. Segundo a denúncia, o tráfico de drogas é beneficiado pelo desmatamento causado pela abertura de novas estradas, que também auxiliam nas rotas de crimes ambientais cometidos por madeireiros e grileiros. Fonte: Metrópoles.

Herança maldita

Projetos herdados da Ditadura Militar ameaçam territórios de povos isolados. Os projetos são a pavimentação da rodovia BR-319, no Amazonas, e a retomada do projeto do Linhão do Tucuruí (uma grande linha de energia passando no meio da terra indígenas), em Roraima. Habitadas por grupos isolados que nunca tiveram contato com não-indígenas, as terras de Jacareúba-Katawixi (AM) e Pirititi (RR) estão em regiões que devem ser afetadas pelos projetos e estão prestes a perder a proteção legal que tinham até agora. Fonte: BBC Brasil

https://www.bbc.com/portuguese/brasil-59563997

E o garimpo só avança….

General Heleno, ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) autoriza o avanço de projetos de mineração em área praticamente intocada da Amazônia, na região de São Gabriel da Cachoeira (AM). Esse é mais um atentado contra a legislação e contra a vida das pessoas que vivem ali. E tudo isso em favor dos interesses do poder econômico. O projeto de extermínio entrega a Amazônia ao garimpo e quem ganha com isso? via Observatório do Clima.

Ministro permitiu sete projetos de pesquisa de ouro em região na fronteira, ato inédito nos últimos dez anos. Fonte: Folha de São Paulo.

Em nota, a Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn), organização da sociedade civil de interesse público que representa os 23 povos indígenas do rio Negro, fundada em 1987, vem a público manifestar-se a respeito da reportagem publicada pela Folha de São Paulo a respeito do avanço do garimpo na bacia hidrográfica do Rio Negro, no Amazonas.

A destruição provocada pelo garimpo continua a todo vapor. Foto: Vinícius Mendonça/Ibama

O corpo das mulheres indígenas não têm paz

Em pouco menos de um mês, a Polícia Federal de MT promete concluir inquérito que apura a suspeita de abuso sexual de uma adolescente Xavante de 14 anos, grávida de três meses. Dois funcionários da Casa de Apoio Indígena (Casai), em Barra do Garças (a 516 km de Cuiabá) estão presos. Até então, os homens atuavam como técnico de enfermagem e servente de limpeza. A adolescente estava na casa com familiares, pois o pai fazia tratamento. Foi a mãe dela quem procurou a delegacia da PF em Barra do Garças para denunciar o estupro e contou sob a suspeita de que os autores do crime seriam funcionários da Casai. Ao G1 MT o delegado encarregado do caso disse que a menina teria sido estuprada ao menos cinco vezes e que pretende realizar exame de DNA. “Eles utilizaram das funções que exerciam na Casai para praticar o ato contra a adolescente”, afirmou. Segundo nota do Distrito de Saúde Indígena Xavante, o Conselho Distrital de Saúde Indígena (CONDISI) foi acionado e acompanha o caso oferecendo suporte à vítima. Fonte: Casa Ninja Amazônia.

Hijas de la tierra

Produção audiovisual assinada pela multiartista Yacunã Tuxá reúne poesia, performance, memória e afeto. Com participações de Itayná Ranny Tuxá e Suly Tuxá. 

https://vimeo.com/user127905852

#PLdaboiadanão #PLdagrilagemnão

No apagar das luzes de 2021, duas bombas dos ruralistas radicais e de Bolsonaro podem comprometer o futuro de biomas e povos da floresta. O #PLdaBoiada e o #PLdaGrilagem podem ser votados a qualquer momento. Na contramão do combate à crise climática, o governo quer a aprovação de leis que ameaçam ainda mais a população e o meio ambiente.  via @climainfo

Território Parakanã sob disputa

Em 2016, a Tucum esteve na aldeia Apyterewa a convite da Associação Tato’a. Foto: Tucum Brasil.

Invadida sistematicamente por grupos ligados a pecuaristas, madeireiros, grileiros e garimpeiros, a Terra Indígena Apyterewa pode ser oficialmente dividida entre a comunidade originária e seus invasores. A situação é complexa e envolve intimidação, ameaças e um contexto perigosíssimo para o povo que habita tradicionalmente uma terra extremamente valiosa. Um grupo de caciques Parakanã, no Pará, informou ao STF que aceita a redução de mais da metade da terra indígena já homologada pela há 14 anos. A invasão da terra por não-indígenas recrudesceu durante o governo de Jair Bolsonaro, tornando o território um dos mais desmatados no país. A redução de um território indígena já demarcado e homologado, num processo de terra arrasada a partir do aumento de invasores encorajados pela leniência do governo federal, é um dos piores temores de indígenas e indigenistas. Fonte: UOL

https://reporterbrasil.org.br/2020/06/boi-pirata-criado-em-terra-indigena-e-a-conexao-com-frigorificos-marfrig-frigol-mercurio/

Cartas tupi

“Aîmondó benhe xe nhe’enga” ou em português, “Envio de novo minhas palavras”: assim começa um dos documentos mais preciosos do Brasil colonial, parte de um conjunto de seis cartas no idioma tupi escritas entre agosto e outubro de 1645. A pequena coleção de mensagens, que acaba de ser integralmente traduzida pela primeira vez, pelo professor e especialista em tupi antigo  Eduardo Navarro (USP) é o único registro de indígenas colocando sua própria língua no papel durante os primeiros séculos da colonização do país. Os textos são, além disso, testemunhos de uma guerra civil que dilacerou tanto o Nordeste como um todo quanto a tribo dos potiguaras, cujo idioma materno era o tupi. Essa etnia vivia em um território litorâneo que ia da Paraíba ao Ceará, e pertenciam ao grupo os autores e os destinatários das missivas. Fonte: Folha de SP

Literatura indígena

I Mostra de Literatura Indígena: o território das palavras ancestrais foi produzida de modo virtual e tem por objetivo apresentar uma curadoria de obras de literatura de autoria indígena. O público-alvo vai de educadores, alunos até demais pessoas interessadas em (re)conhecer um rico repertório de experiências literárias através de uma perspectiva indígena. Com curadoria da escritora e pesquisadora Julie Dorrico, a mostra abre com uma visita guiada pela Julie e para participar, é só se inscrever aqui

Indígenas e a identidade LGBTQIA+

A matéria da Amazônia Real traz histórias como as da cacica Majur Traytowu, do povo Boe-Bororo (MT). Eleita como liderança de sua comunidade, Majur iniciou sua transição e fala um pouco da luta de existir enquanto mulher indígena trans. O estilista amazonense Sioduhi, do povo Pira-Tapuya e o jornalista indígena Tarisson Nawa, além da pesquisadora Barbara Arisi também falam um pouco sobre fluidez de gênero, orientação sexual e as diversas formas de se relacionar com o tema da sexualidade nas aldeias. Fonte: Amazônia Real.

A miss do Brasil é indígena!

O tradicional concurso de beleza, que na sua maioria levam recortes de corpos padrões e brancos e reforçam um estereótipo de beleza, tem pela primeira vez a representatividade de uma mulher indígena e afrodescendente. Elaine Sousa é modelo e da etnia Katokinn de Pariconha, no sertão alagoano. Ela tem 21 anos e estuda psicologia. Em outubro foi eleita a mulher mais bonita do estado de Alagoas, quando participou pela primeira vez de um concurso de beleza. Na semana passada venceu o concurso nacional em Gramado, Rio Grande do Sul, pelo que se tornou a primeira indígena Miss Brasil. Agora ela segue como representante do Brasil no concurso internacional. Texto: @Célia Xakriabá