Observatório Tucum #33

Foto de capa: Célia Xakriabá por Edgar Kanaykõ Etnofotografia

Toda semana aqui no blog, nosso radar do movimento indígena

A luta para defender os territórios e a vida dos povos indígenas não pode ser criminalizada. Em um intervalo de poucas semanas, três lideranças foram vítimas de perseguição, ataques e tentativa de homicídio. Após um discurso assertivo como representante do Brasil na COP26, na Escócia, Txai Suruí foi intimidada por denunciar o genocídio indígena que acontece no Brasil e depois ameaçada e perseguida em suas redes sociais, sendo alvo de fake news e diversos ataques.

Reconhecida pela luta incansável pela defesa do território ancestral de seu povo, Alessandra Munduruku teve sua casa invadida novamente em Santarém, no Pará, dias depois de chegar da COP26. Primeira brasileira a ganhar o prêmio de Direitos Humanos concedido pela ONG norte-americana Robert F. Kennedy, Alessandra já foi ameaçada de morte inúmeras vezes e um pedido de proteção especial foi encaminhado ao Governo brasileiro em 2019.

Professora e ativista pelos direitos indígenas, Glicélia Tupinambá é liderança na aldeia Serra do Padeiro, localizada na TI Tupinambá de Olivença, no sul da Bahia. Após dois episódios de perseguição policial contra familiares de Célia, na semana passada o carro em que Célia estava com sua família sofreu um atentado na estrada na volta para a aldeia.

A ANMIGA (Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade) publicou uma carta de acolhimento em solidariedade ao ataque sofrido por Txai Suruí, Alessandra Munduruku e Célia Tupinambá.

Outros crimes e ataques à comunidades indígenas têm sido praticados de forma deliberada, seja por forças policiais ou a mando de fazendeiros, madeireiros e garimpeiros. A matéria do El País lista os recentes episódios, leia aqui.


Música, um ato político
Filmado e editado em Brasília, entre 22 e 31 de agosto de 2021 durante a maior mobilização indígena da história, o curta “Música é arma de luta” traz depoimentos de representantes de diversos povos sobre os aspectos da musicalidade. Com direção do poeta e antropólogo Idjahure Kadiwéu, o documentário reúne falas sobre a música enquanto luta, rezo, comunicação, ancestralidade, sonho e território.


A força do canto de uma mulher
Primeira mulher indígena a protagonizar um espetáculo musical no centenário Teatro Amazonas em 2017, a cantora Djuena Tikuna nasceu na TI Tikuna Umariaçu, município de Tabatinga, no Amazonas, região do Alto Rio Solimões, na fronteira entre o Brasil, Colômbia e Peru. Djuena acaba de ser premiada no Prêmio Grão de Música, que em sua oitava edição transmite a premiação no próximo dia 23, às 19h.

Djuena Tikuna. Foto: Divulgação.



Gráficos do desmatamento
Dados do Inpe permitem medir o avanço do desmatamento no território brasileiro. Entre 1988 e 2018 a floresta perdeu o equivalente ao território do Iraque. Fonte: Nexo.


Prova da perseguição
Guerreiros Yanomami agora têm uma prova que pode ajudar a esclarecer um possível massacre de garimpeiros aos povos isolados Moxihatëtëma: uma flecha usada pelos indígenas para caçar e se proteger na guerra. Em audiência em Boa Vista (RR) com o Procurador do Ministério Público Federal de Roraima (MPF-RR), Alisson Marugal, o xamã e presidente da Hutukara Associação Yanomami, Davi Kopenawa, entregou uma flecha que seria a comprovação de um massacre de garimpeiros contra indígenas Moxihatëtëma, que vivem isolados em uma comunidade na Serra da Estrutura. Fonte: ISA

https://www.socioambiental.org/pt-br/noticias-socioambientais/flecha-de-indigenas-isolados-e-entregue-ao-mpf-rr-como-indicio-de-massacre-na-terra-yanomami



Assembleia Terena
O conselho do povo Terena deu início à sua tradicional Assembleia na aldeia Mãe Terra, TI Cachoeirinha, município de Miranda, no MS. O impacto da pandemia da Covid-19 nos territórios indígenas e estratégias para o fortalecimento dos povos a nível nacional e internacional são algumas pautas a serem debatidas no encontro. Fonte: Apib.

Guerreiros Terena. Foto: Mídia Índia



Guardiãs incansáveis
Na terceira reportagem do projeto “Vozes da Floresta”, a professora Vanessa Neres, do povo Kaingang, fala sobre a luta das mulheres de sua comunidade junto com as Guarani no enfrentamento ao agronegócio na luta para manter a floresta em pé. “O Brasil deve a sobrevivência das araucárias naquele trecho da baía do Rio Iguaçu às tenazes mulheres que vivem por lá. A conservação está diretamente ligada à luta dos Kaingang e dos Guarani Mbyá pelo direito à terra tradicional, garantido desde o início do século passado. Em 1903, por terem ajudado a construir estrada na região, os indígenas, receberam a escritura de toda a área, do governo estadual. A partir da década de 1970, empresas exploradoras de madeira reivindicaram direitos sobre pedaços do território, estabelecendo litígio que se arrastou até 2005. Após uma década de estudos antropológicos e arqueológicos que comprovaram a ocupação original, a Justiça deu ganho de causa aos indígenas, formalizando a posse do território. Mas a luta parece que jamais encontrará um fim.” Fonte: O ECO.

II Marcha das Mulberes Indígenas. Foto: Alass Deriva |@derivajornalismo