Observatório Tucum #32

Juma Xipaya, Glasgow, Escócia. COP26. Foto: @oliverninja / @midianinja para #COPCollab26

Toda semana aqui no blog, o que você precisa saber sobre o movimento indígena

Protagonismo indígena na COP26

Com a maior delegação indígena presente em sua história, a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26) contou com mais de 40 lideranças indígenas do Brasil na edição que aconteceu em Glasgow, Escócia. A comitiva organizada pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) fez parte de uma frente composta por povos tradicionais do mundo todo, denunciando o genocídio indígena que acontece no Brasil e abrindo os olhos de líderes internacionais para a luta dos povos indígenas contra a invasão de seus territórios e as inúmeras violências sofridas por estas populações. Lideranças como Sonia Guajajara, a deputada federal Joenia Wapichana, Célia Xakriabá, Kretã Kaingang, Alessandra Munduruku e representantes da juventude indígena como Alice Pataxó, Juma Xipaya, Txai Suruí e Samela Sateremawé, entre outros nomes, fizeram ecoar suas vozes em nome dos mais de 274 povos indígenas brasileiros. Sem a garantia dos direitos dos povos guardiões, não há floresta em pé. Lutar pela segurança climática é lutar pelo direito à vida, ao território, à manutenção das culturas destes povos.

Sineia do Vale, do povo Wapichana, é coordenadora do Departamento Ambiental do Conselho Indígena de Roraima (CIR). Com participação em COPs e em outras cúpulas internacionais anteriores, a liderança lembra que o protagonismo indígena da edição de Glasgow é resultado de muita luta e mobilização. “Nunca disseram: vamos abrir a porta e esse espaço é de vocês”.A gente sempre está falando: somos importantes para essa discussão. Precisamos ser ouvidos como lideranças que realmente vivenciam cada momento dentro das florestas. Não tem uma floresta em pé sem que dentro haja alguém com seus conhecimentos fazendo manejo.” Fonte: Pública

Leia mais na cobertura especial COP26 feita pela Mídia Ninja e também na reportagem da Agência Pública sobre a conferência.

Alice Pataxó e Txai Suruí: vozes indígenas na luta

Alice Pataxó e Txai Suruí, Glasgow, Escócia. COP26. . Foto: Reprodução/Facebook

Comunicadora, influencer e ativista, Alice Pataxó é liderança jovem do povo Pataxó (BA) e esteve presente em Glasgow durante a COP26. Indicada pela paquistanesa Malala como voz a ser seguida, Alice teve uma fala impactante, ganhando repercussão mundial durante a COY26, evento paralelo à COP, voltado à juventude.

“É a primeira vez que saio do meu território, em um momento onde o Brasil vive uma forte decisão sobre as terras indígenas. Mas eu entendo a necessidade de me unir à juventude do mundo para falar sobre isso, para lutar pelo meio ambiente e criar soluções juntos. Estou orgulhosa de poder voltar para minha casa e dizer para meu povo: não estamos mais sozinhos”. Fonte: O Globo.

Txai Suruí foi a única indígena a falar na abertura oficial da #COP26. Após uma apresentação histórica, feita em inglês e denunciando os imensos desafios impostos às populaçòes indígenas do Brasil, Walelasoetxaige Paiter-Suruí agora é alvo de críticas, notícias falsas e ataques racistas. Indígena do povo Paiter-Suruí, a filha da ativista Ivaneide Cardoso e do líder Almir Suruí, alvo de perseguição pela Funai e pelo Governo Brasileiro, criou o Movimento da Juventude Indígena de Rondônia no início de 2021 e é considerada uma importante representante da luta indígena.

“Nós, os povos indígenas, estamos na linha de frente da emergência climática lutando com nossas vidas e devemos estar no centro dessa discussão. Sem povos indígenas não existe equilíbrio climático. Foto: Reprodução Instagram.

Leia aqui a carta de apoio à Txai publicada pela Coordenação das Organizaçòes Indígenas do Brasil (COIAB).

Comunicadores indígenas

Vozes da Floresta” é uma parceria entre os sites O Eco, Colabora e o British Council que contemplou quatro comunicadores indígenas com bolsas-reportagem para investigar como as mudanças climáticas afetam os territórios tradicionais. Nesta primeira reportagem, Glycia Ribeiro, do povo Macuxi e fundadora do coletivo Levante Indígena escreve sobre os efeitos devastadores do garimpo na região da T.I. Raposa Serra do Sol, em Roraima. Para ler a matéria na íntegra, clique aqui. 

https://projetocolabora.com.br/ods13/garimpo-divide-opinioes-e-socializa-impactos-na-raposa-serra-do-sol/

O preço (ou o peso) de salvar a arte

A nova coluna da escritora Julie Dorrico parte do encantamento de Jaider Esbell e traz a questão do “fake-sucesso-branco” para o centro do debate.  “Convoco os não indígenas à pesquisa, ao estudo dos povos étnicos, religiões, culturas, histórias diversas existentes no país, mas também sobre o sentido violento da colonização, da história oficial, e da cultura brasileira hegemônica que marginaliza grupos e povos não brancos. O acento precisa incidir nesse lado intocável da história também. Agir pode ser um caminho para que não paguemos o preço de lutar por nossa inclusão com as nossas próprias vidas. Que sempre possamos lembrar da memória de Jaider Esbell.” Fonte: ECOA

Literatura e narrativas originárias

Idealizada por Julie Dorrico, a websérie Leia Autoras Indígenas convida autoras de diferentes povos e regiões do Brasil para apresentar suas obras e falar sobre literatura e culturas originárias. Junto com Moara Brasil e Paola Vilela, Julie media as conversas com as autoras numa programação busca incentivar a leitura de obras indígenas e contribuir para a descolonização do imaginário carregado de estereótipos e estigmas que recaem sobre os povos originários do Brasil. O episódio 10, lançado hoje, com a presença da maravilhosa Geni Nuñez,  pesquisadora e escritora nas temáticas das (anti)colonialidades, branquitude, etnocídio e sistema de monoculturas.

Papo de Parente

O escritor Daniel Munduruku pode se tornar o primeiro indígena da Academia Brasileira de Letras. Com mais de 50 livros publicados, Daniel é um dos três indicados a ocupar a cadeira 12 da ABL e um dos convidados deste episódio do podcast “Papo de Parente”. Célia Xakriabá conversa com Daniel e ainda com a jornalista Eliane Brum, a atriz Dira Paes e a cantora Maria Gadú.

Ouça este episódio aqui

Voices for the Amazon

Criado para coincidir com a COP26 em Glasgow, o The New York Times Climate Hub reuniu lideranças, pesquisadores, pensadores, artistas, músicos, cineastas para destacar a importância da Amazônia para o planeta e o papel dos povos indígenas em sua sobrevivência e prosperidade futura.

Fortalecimento de jovens lideranças no Pará

Cerca de 13 povos da região do Baixo Tapajós, através do Conselho Indígena Tapajós-Arapiuns | CITA estão se articulando para organizar organizar uma grande Assembleia para discutir e pensar políticas para a juventude dos territórios. O encontro, programado para acontecer de 18 até 20/11, com a presença de 200 jovens. Diferentes comunidades com a expectativa de fortalecer umas às outras vão discutir temas como educação, saúde, geração de renda e defesa de seus territórios. Para contribuir, anota a chave do Pix: 93 991922009 (Conselho Indígena Tapajós-Arapiuns | CITA)