Observatório Tucum

Toda semana aqui no blog, o que você precisa saber sobre as lutas indígenas

Justiça pelas jovens indígenas vítimas de feminicídio
A morte das jovens Daiane e Raissa, assassinadas com violência e crueldade, carrega a opressão histórica e sistemática, representando casos que, na maioria das vezes, sequer são noticiados. Segundo o Relatório de Violência Contra os Povos Indígenas lançado em 2020 pelo Cimi, 113 indígenas de 21 povos diferentes foram assassinados no ano anterior. Para a indígena, antropóloga e integrante da Articulação Nacional das Mulheres Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA) Joziléia Daniza Kaingang, a questão remete à omissão ou ausência do Estado na elaboração e implementação de políticas públicas que garantam os direitos de indígenas e, especialmente, das mulheres. “Trabalho com mulheres indígenas e na minha interação com as parentes, no trabalho como pesquisadora, no movimento social, o que tenho observado é uma crescente na violência, especialmente física, contra mulheres indígenas. E isso passa por muitos fatores, como a falta de perspectiva de vida, a inserção de outros valores externos aos nossos povos, além do pouco território para sobreviver como viviam os nossos antepassados”, expressou Daniza na entrevista.

A Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga) lançou um manifesto contra a violência. A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e a Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul (Arpinsul), em conjunto com todas as organizações regionais de base, declaram repudiar toda e qualquer violência contra mulheres indígenas e exigem que a justiça seja feita. Fonte: ISA

Foto: Juliana Pesqueira / Proteja Amazônia



Ataque ao Código Florestal em votação
A bancada ruralista está promovendo um grande ataque ao Código Florestal (Lei 12.651/2012) no Congresso, menos de dez anos depois de uma drástica reforma da legislação, instituída em 1965 – e com grande parte das alterações ainda não implementada. Um pacote de projetos na Câmara e no Senado pretende permitir, em especial, a redução ou até a eliminação de vegetação de beira de rio em cidades. “A gravidade e a extensão desse pacote são espantosas. Sua aprovação abriria uma porta para a realização de novos desmatamentos em todos os biomas brasileiros, dentro de áreas protegidas essenciais à proteção dos recursos hídricos e à segurança da população”, diz Kenzo Jucá, assessor técnico do ISA. Fonte: ISA

Autodemarcação Munduruku
Caciques, mulheres, jovens e crianças do povo Munduruku realizaram, entre os dias 13 a 16 de agosto, a autodemarcação da Terra Indígena (TI) Sawre Muybu (conhecido como Daje Kapap Eypi), na região do Médio Rio Tapajós, no Pará. Com a falta de uma ação definitiva por parte dos órgãos responsáveis em relação a demarcação do território de 178 mil hectares, e a situação agravada pelas constantes invasões de garimpeiros, índices alarmantes de desmatamento e a iminência da instalação de empreendimentos sem a consulta prévia conforme determina a Organização Internacional do Trabalho (OIT) 169, o povo Munduruku desde 2014 faz a sua autodemarcação. Fonte: COIAB

“Fazemos o trabalho do Estado de fiscalizar e proteger a Terra Indígena. Tivemos acompanhamento das crianças, caciques, mulheres e guerreiros, mas ainda temos que continuar porque as placas não evitam que os invasores entrem no território. Temos que continuar a resistência de proteger o meio ambiente para todo o planeta. Nossas vidas importam!”, pontuou Alessandra Korap, liderança do povo Munduruku.



Mulher, indígena, trans e cacica!
Majur Traytowu é agente de saúde indígena e iniciou sua transição de gênero aos 12 anos. Hoje com 30 anos, é oficialmente cacica da Aldeia Apido Paru da Terra Indígena Tadarimana, em Rondonópolis, MT. Majur assumiu oficialmente o cargo de liderança do povo Boe Bororo há cerca de um mês, após seu pai, de 79 anos, se afastar do cargo por motivos de saúde. Fonte: G1 / via @katumirim

Cacica Majur Harachell Traytowu / Foto: arquivo pessoal.



Dossiê Internacional denuncia violências contra indígenas no Brasil
A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) publicou seu Dossiê Internacional de Denúncias. O documento reúne uma série de dados e informações que demonstram que Bolsonaro elegeu os povos indígenas como inimigos de seu Governo, e transformou seus discursos de ódio em política de Estado. O documento relaciona ainda as ações e omissões com o aumento dos casos de violência e conflito nos territórios indígenas. Fonte: APIB

Arte indígena no Prêmio Pipa 2021

Os artistas indígenas Daiara Tukano, Jaider Esbell , Genilson Guajajara e a ASCURI Associação Cultural de Realizadores Indígenas – estão concorrendo ao Prêmio Pipa 2021! Em sua 12a edição, o prêmio é um dos mais conhecidos na missão de apoiar e divulgar a arte contemporânea brasileira. Para votar, é só acessar o site aqui.

https://www.premiopipa.com/ascuri/

Demarcando identidades sob a perspectiva indígena

Com curadoria de Naine Terena e Andreia Duarte, o livro digital “Teatro e os povos indígenas – Janelas abertas para a possibilidade” é um projeto que reúne textos de artistas indígenas trazendo a perspectiva dos povos originários sobre a arte, em especial para o pensamento e a prática do teatro. Reflexões sobre a desconstrução de parâmetros coloniais em torno das artes dramáticas trazem o protagonismo do olhar indígena, assim como suas estéticas plurais nos desdobramentos dos fazeres da expressão artística. Textos e ilustrações poderosos e gratuitos no site da editora n-1.

https://www.n-1edicoes.org/teatro-e-os-povos-indigenas