Observatório Tucum

Toda semana, nosso radar do que você precisa saber sobre o universo indígena

Abrimos o Observatório desta semana com uma flecha atravessada na garganta diante da violência brutal contra vidas indígenas. Duas meninas, uma do povo Kaingang e outra do povo Guarani Kaiowá foram estupradas e assassinadas na semana em que se comemora o Dia Internacional dos Povos Indígenas. Até quando a brutalidade contra os corpos indígenas será banalizada? Até quando as vidas destas que são as originárias desta terra serão interrompidas? Basta de genocídio!

Guerra sem trégua
Daiane Griá Sales, da etnia Kaingang tinha 14 anos e foi encontrada morta na terra indígena do Guarita, no município de Redentora, RS. Seu corpo nu, apresentava as partes íntimas dilaceradas. Poucos dias depois, o corpo de Raíssa Cabreira, do povo Guarani Kaiowá, foi encontrado perto de uma pedreira na Aldeia Bororó, na Reserva Indígena de Dourados, MT. Ela tinha 11 anos e, pelo laudo da perícia, foi jogada de uma altura de 20m depois de ter sido estuprada de forma coletiva.

via @guajajarasonia https://www.instagram.com/p/CSdVverMz0y/



Brasil em chamas
Em agosto de 2021, a volta das queimadas, o incremento do desmonte dos órgãos e políticas de controle ambientais — e o discurso de descredibilização das instituições produtoras de dados e informações — levam o Brasil a entrar numa fogueira encharcado de combustível inflamável. E, se depender do governo federal, o país vai pegar fogo — e, quanto menos informações tivermos sobre isso, melhor. Com a sabotagem oficial, o prognóstico para 2021 é bastante preocupante. A área sob alerta de desmatamento na Amazônia no primeiro semestre foi 17% maior que no mesmo período de 2020. Considerando que a floresta derrubada é a que mais alimenta os incêndios, o aumento aponta para um cenário ainda mais inflamável. Fonte: Instituto Socioambiental.

Queimada de grande porte em área de desmatamento no município de Apuí (AM)|Bruno Kelly/Amazônia Real.



Olhares indígenas no audiovisual
Disponível na Itaú Cultural Play, a seleção “Um outro olhar – cineastas indígenas” reúne títulos que mostram a realidade de alguns povos indígenas e colocam em evidência questões como a recuperação de terras, costumes ancestrais, a mulher indígena. O programa mostra a força e a diversidade dos vários olhares indígenas que agora estão atrás das câmeras, contando suas próprias histórias. Para assistir, é preciso realizar um cadastro gratuito na plataforma.

https://assista.itauculturalplay.com.br/ItemDetail



#ElasQueLutam: Chirley Pankará
A série criada pelo ISA apresenta mulheres indígenas e suas histórias de luta. Nesta edição, Chirley Pankará, educadora e primeira co-deputada indígena de SP tem sua trajetória de resistência e ativismo em foco.

Ao lado dos seus, olhando no olho, é como Chirley Pankará se sente verdadeiramente bem. Se pudesse, passaria os dias na aldeia, em seu pedaço de terra, vendo “as árvores dançarem”. Ainda assim, ela não foge de briga — e diz se enfiar em qualquer lugar para lutar. “É em defesa dos direitos dos povos indígenas? Eu estou dentro!”, exclama.

“O que me move é a defesa dos povos indígenas, é lutar pela memória dos nossos ancestrais, é garantir o direito para que nossas crianças e nossos mais velhos possam existir em paz. [É] preservar o que nós temos de povos indígenas hoje, tão sofridos e tão resistentes nesse país”.



Extensão em Histórias e Culturas Indígenas
As inscrições para a sexta edição do curso de extensão em Histórias e Culturas indígenas estão abertas e podem ser feitas até o dia 24 de agosto Realizado pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e pela Universidade da Integração Latino Americana (Unila), o curso é gratuito e voltado especialmente para movimentos e pastorais sociais, estudantes, professores, educadores, lideranças indígenas e operadores do direito. Será realizado na modalidade Ensino Remoto Emergencial (ERE), entre os dias 17 de setembro e 28 de outubro. Leia aqui o edital de seleção.

Acampamento Luta Pela Vida

Nunca foi tão urgente lutar, embora luta seja parte dos povos originários desde sempre. Contra projetos de lei que violam a própria constituição, os povos indígenas seguem mobilizados na capital federal soando os maracás e entoando os cânticos ancestrais, entre os dias 22 e 28 de agosto. Há 521 anos esta terra é marcada por violações, pelo racismo e genocídio. São séculos de tentativas de subjugação de povos, de culturas e de territórios. Hoje, quando não são apenas armas dilacerando corpos, canetas assinam leis de extermínio. Quando não são apenas criminosos atacando diretamente, governos se omitem do seu dever de proteção. Para apoiar o acampamento, acesse aqui.

https://apiboficial.org/2021/07/19/o-brasil-esta-doente-e-os-povos-indigenas-sao-a-cura-deste-pais/?fbclid=IwAR29gW5EL7MFN0PuL07CCNMM75pc_LRQDhgtHFNoSzEHaVe__yaAgXdhqOs