Observatório Tucum #29

Capa: colagem digital, agosto/2020. Arte: @moraismavi  Imagens: @simone.giovine. Mulheres Mebêngôkre da aldeia Kubenkrankenh, limite da terra indígena Kayapó (PA).

Toda semana aqui no blog, nosso radar sobre o movimento indígena!

O Garimpo que mata

Em plena atividade na Terra Indígena Yanomami, o garimpo ilegal segue causando mais morte. Dessa vez, duas crianças da comunidade Macuxi Yano, região do Parima, brincavam próximo a uma balsa de garimpo instalada no rio, quando “foram sugadas e cuspidas para o meio do rio e levados pela correnteza”, lamentou a Hutukara Associação Yanomami, em nota divulgada nesta quarta-feira (13), quando o corpo do menino de 5 anos foi encontrado. Mergulhadores do Corpo de Bombeiros de Roraima realizam buscas ao menino de 7. “A morte de duas crianças é mais um triste resultado da presença do garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami, invadida por mais de 20.000 garimpeiros até setembro de 2021”, diz a nota. Segundo o documento, a área de floresta destruída pelo garimpo ilegal na TI superou a marca de 3 mil hectares, um aumento de 44% em relação a dezembro de 2020, somente na região do Parima.

“Além das regiões altamente impactadas, como Waikás, Aracaçá e Kayanau, o garimpo avança sobre novas regiões: em Xitei e Homoxi, a atividade teve um aumento de 1000% entre dezembro de 2000 e setembro de 2021”, alerta a Hutukara, sobre a invasão do território. O aumento da atividade ilegal reflete na insegurança, violência, doenças e morte para os Yanomami. via @guajajarasonia / @casaninjaamazonia Leia mais: https://www.socioambiental.org/pt-br/noticias-socioambientais/duas-criancas-yanomami-sao-mortas-apos-serem-sugadas-e-cuspidas-por-draga-do-garimpo-ilegal

Literatura infantojuvenil para descolonizar

“Trabalhar com as crianças tem sido muito importante para a descolonização da nossa sociedade.” A frase que abre esta reportagem é de Julie Dorrico, doutora em teoria literária e escritora indígena. A literatura indígena faz parte de uma mudança na produção infantojuvenil vista em livros que buscam uma ótica mais diversa. Essas obras são fundamentais para que as crianças brasileiras possam “olhar para o mundo com mais profundidade, criticidade e ter um repertório para criar um mundo possível a todes”, como afirma a jornalista, pesquisadora e editora literária Maitê Freitas. Para Julie Dorrico, que co-organizou os dois volumes da antologia Literatura indígena brasileira contemporânea (Editora Fi, 2018), os livros infantojuvenis escritos por membros dos povos originários são importantes para as crianças se formarem “sem a perspectiva forte do racismo”. Fonte: Revista Cult

E por falar em dicas de leitura, a artista, ativista e pesquisadora Daiara Tukano postou nas suas redes uma seleção especial de literatura indígena recém-adquirida na livraria da Bienal de SP. Pega a visão:

“Voltei para casa e aproveitei para passar na livraria que tem na @bienalsaopaulo de São Paulo antes: lá tem uma mesinha com um monte de belezas que não resisti e estou doida pra ler! Novos Livrinhos da @foirn e @socioambiental sobre cerâmica Tukano e Baniwa. Dois livros da @marciakambeba, uma antologia de literatura indígena organizada pelo @mauricionegro_designstudio, história da Amazônia de Marcio Souza e as super pesquisas da Daniela Alarcon @alarcon.df sobre a retomada Tupinambá, e do @ruka_lucaskeese sobre a luta Guarani Mbya, o livro sobre o mito de makunaimã através do tempo com artes lindas de @jaider_esbell e A vida não é útil de @_ailtonkrenak” Texto: reprodução

Terra indígena fica!

Nas últimas semanas, povos indígenas de todo o Brasil têm se mobilizado para protestar contra setores historicamente contrários ao reconhecimento de seus direitos originários à terra. Nesta sexta-feira, 15/10, acontece uma importante conversa online com membros da rede Ashoka para discutir os impactos do Marco Temporal sobre os direitos indígenas, a manutenção de suas culturas, o uso da terra e as implicações da decisão nas mudanças climáticas e na democracia brasileira. No centro da conversa, estarão a empreendedora social, jornalista e co-fundadora da Amazônia Real, Kátia Brasil, o Ednei Arapiun, líder indígena juvenil na região do Tapajós e a primeira Deputada Federal indígena do Brasil, Joênia Wapichana. Para se inscrever, basta clicar aqui

https://us02web.zoom.us/webinar/register/3716215847913/WN_SJ_LgvwMTRiJWYihsUoL5g

Aliás e a propósito….o ministro Alexandre de Moraes, que havia pedido vistas no último dia 15 de setembro, devolveu hoje para julgamento o processo reintegração de posse movida pelo governo de Santa Catarina contra o povo Xokleng, referente à TI Ibirama-Laklãnõ. Em 2019, o STF deu status de “repercussão geral” ao processo, o que significa que a decisão tomada neste caso servirá de diretriz para a gestão federal e todas as instâncias da Justiça no que diz respeito aos procedimentos demarcatórios. Agora cabe ao presidente da corte, Luiz Fux, pautar o julgamento e garantir os direitos originários dos povos indígenas do Brasil.

Mais autonomia para os Wai Wai

A Terra Indígena Wai Wai, localizada a 350 km de Boa Vista (RR), é terreno fértil para a castanha.Grandes conhecedores desses frutos, os indígenas Wai Wai encontraram em sua comercialização uma alternativa sustentável de geração de renda e proteção do território. No entanto, o transporte da castanha, realizado por “atravessadores” de cidades próximas à Terra Indígena, vinha custando caro aos indígenas. Reféns dessa dinâmica, as comunidades buscaram o apoio do mandato da deputada federal Joênia Wapichana (Rede-RR). “Aqui vocês são os grandes produtores da castanha, com venda para a maior fabricante de pães. Então, as terras são produtivas, sim, o que falta são políticas públicas para apoiar as comunidades indígenas”, destacou. Fonte: ISA

Contra o racismo ambiental

Em declaração conjunta, a ativista Angela Mendes deu voz às denúncias de trinta e sete organizações durante a 48ª sessão do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas. Organizações indígenas, indigenistas, ambientalistas e de direitos humanos defendem o reconhecimento do direito ao meio ambiente saudável e a criação de um mandato especial sobre mudanças climáticas e direitos humanos. Fonte: CIMI via https://www.instagram.com/amazoniareal/


Beprere, Kwykwyti e Kanhok Kayapó vigiando a Terra Indígena na pedra da aldeia Kendjam. Terra Indigena Mekragnoti (PA). Foto: Simone Giovine/AFP