Tucum abrindo novos caminhos

Em 2013, a Tucum nasceu do desejo de atuar como ponte entre a arte tradicional brasileira e a cidade. O pequeno espaço físico em Santa Teresa materializava um projeto ousado: contar a história dos povos indígenas e outras comunidades tradicionais através do artesanato.

Tucum em Santa Teresa

A entrada no ambiente online, primeiro através das redes sociais e depois com a loja virtual, permitiu que alcançássemos cada vez mais gente. Aos poucos, de forma orgânica e consistente, formamos uma rede potente e engajada, conectando pessoas no Brasil e em diversas partes do mundo.

Investimos na interação com o público, escolhemos uma forma de comunicar que fosse ao mesmo tempo informativa mas também aberta às discussões. O resultado foi a consolidação da Tucum como elo entre pessoas que, muitas vezes não tinham qualquer contato anterior com a cultura indígena, e ao mesmo tempo, o fortalecimento de uma rede maior e que não pára de crescer. Artesãos e lideranças indígenas, pesquisadores, pessoas com muita e outras com nenhuma experiência anterior junto às questões que envolvem os direitos destes povos começaram a enxergar na Tucum uma aliada nas lutas. Ter mais de 50.000 pessoas engajadas nos nossos canais de comunicação, somando forças na missão de promover a cultura dos povos da floresta é motivo de muito orgulho para nós.

Arte dos Povos do Alto Xingu na loja em Santa Teresa.

No início nosso desafio maior era conquistar a confiança das pessoas. Uma certa resistência já era esperada, uma vez que que os povos indígenas sempre foram explorados e seus saberes quase sempre usurpados. Ao longo destes seis anos temos mostrado que nossa maior motivação é promover a autonomia destes grupos através da cadeia do artesanato, valorizando seus conhecimentos e mostrando para o mundo o quão criativa, diversa, tradicional e inovadora é a arte indígena brasileira.

Em abril deste ano, fechamos as portas da nossa loja física para trilhar novos caminhos. Atualmente a Tucum está na Pa.gé Store, instalada na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV). Sob curadoria do artista Guto Carvalhoneto, a loja-galeria traz esculturas, joias e objetos de diversos artistas brasileiros. Uma oportunidade muito especial de levar o artesanato indígena para um dos palcos de vanguarda artística e também um dos cartões-postais da cidade do Rio de Janeiro. Em São Paulo, a Tucum compõe a Rede Manual, que reúne marcas de artesãos contemporâneos, incentiva o consumo ético e valoriza a cultura do fazer-a-mão. Além disso o ambiente virtual da Tucum, que também hospeda a loja online e o blog, está passando por atualizações para deixar a navegação mais fácil e com ainda mais informações sobre os povos indígenas que compõem a nossa rede, assim como a história por trás de cada produto, de cada artesão.

Detalhes da curadoria Tucum para a Pa.gé Store, loja da Escola de artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro.

A Tucum sempre esteve presente nas aldeias, afinal, foi assim que tudo começou. Nesta nova fase vamos mostrar mais como é nosso trabalho nas aldeias, junto com as comunidades, aproximar nosso público das belezas e desafios da cadeia produtiva do artesanato.

A força das Guerreiras!

Guerreira e mestre artesã Robiap Suruí, Cacoal(RO)
   

Indígenas autodenominam-se muitas vezes como guerreiros porque sobreviver resistindo às inúmeras pressões às quais estes povos estão expostos têm sido sua luta diária nos últimos 520 anos. E dentro deste contexto, o papel das mulheres artesãs como geradoras de renda para suas famílias é uma realidade muito inspiradora para nós.

Mulheres Parakanã durante a oficina realizada pela Tucum em Fevereiro de 2019, na T.I. Apterwa, Rio Xingu(PA)

A grande maioria dos artistas indígenas é composta de mulheres, então nosso olhar está voltado para a valorização dos conhecimentos femininos. Muito mais que artesãs, essas mulheres são detentoras dos saberes e consequentemente, também como negócio. Nosso desafio é justamente esse: auxiliar na estruturação e gestão financeira da cadeia produtiva do artesanato.

(Foto: Helena Cooper)
Oficina de gestão com as mulheres Yawanawá, do coletivo Rautihu na Aldeia Mutum, T.I. Rio Gregório,  (Foto: Helena Cooper/2016)

Desde o início deste ano, estamos trabalhando de perto com alguns grupos de mulheres artesãs, como a AGIR — Associação das Guerreiras de RO, as mulheres do povo Paiter Suruí (RO), a Associação de Artesãos do Acre e Noroeste do AM, o Centro Cultural Kajré dos Krahô(TO), o povo Kayapó( PA e MT) os Parakanã do médio Xingu(PA) entre outros. A Tucum atua em cada coletivo levando em c com suas potências, especificidades e realidades locais. Cada grupo com suas personagens e narrativas, a quem podemos emprestar nossa experiência de mercado enquanto aprendemos um tanto sobre os modos de fazer tradicionais e únicos.

Tecelagem tradicional Parakanã na oficina de produto com as mulheres Parakanã(PA), em fevereiro de 2019.

Queremos contar essas histórias e apresentar a força inspiradora que vêm das mulheres indígenas, artistas e guardiãs de saberes tradicionais. Acreditamos que quando as pessoas entendem como e em que contexto cada produto é feito, conhecem a origem de cada peça e a cosmologia inscrita por trás de um adorno tradicional, abre-se uma brecha no lugar comum capaz de revelar a grandeza material e imaterial da arte indígena brasileira. Queremos você cada vez mais junto nessa nova etapa da Tucum.

Acompanhe nossos diários de campo e outras novidades sobre os povos da Floresta aqui  no blog.

Avante!