Meprodjà na língua Kayapó é um objeto ritual confeccionado pela família do pai depois de anunciada a gestação do primeiro filho de um jovem casal. Em formato de uma pequena bolsa, é tradicionalmente feito de palha e atualmente também é feito com miçanga. É usado para proteger a criança do sol no momento de seu primeiro banho no rio. Quando o umbigo da criança cai e ocorre o batismo, o umbigo é guardado dentro do meprodjà, onde também vão se juntar, com o tempo, outros objetos rituais utilizados pela criança. Quando a criança cresce o meprodjà então é fechado e guardado pela avó materna.
Rituais como esse simbolizam a relação intrínseca que o povo Mebêngôkre (como se autodenominam os Kayapó) mantém com a arte tradicional e sua profunda ligação com a floresta.
Quando nasce uma criança Kayapó, nasce também uma artista que passa a materializar a arte ancestral dos grafismos de seu povo nos corpos dos filhos, como forma de fazê-los mais pertencentes, mais protegidos e mais bonitos. Integrantes de um povo que adora se enfeitar, as mestras-artesãs Kayapó são grandes guardiãs dos conhecimentos sobre as artes manuais dos mebengêt (os mais velhos).
Foi a partir desse imenso repertório que a Meprodjà, a marca do artesanato Mebêngôkre foi criada. Em 2012, a Cooperativa Kayapó de Produtos da Floresta – COOBÂ-Y junto com a Associação Floresta Protegida (AFP) deu início à estruturação da cadeia produtiva do artesanato. Em parceria com a Tucum, este trabalho de estruturação teve várias etapas e foi desenvolvido para que as artesãs pudessem comercializar seus produtos de forma a contribuir de forma mais efetiva na geração de renda para suas comunidades. Depois de uma imersão criativa e coletiva de 15 dias na aldeia Moxkarakô, a marca Meprodjà nascia.
Os grafismos Kayapó são reconhecidos pela simetria e originalidade de seus traços, desenhados com precisão e delicadeza pelas artesãs. Seja nos corpos pintados com jenipapo, seja no trançado manual de cestarias ou no macramê de pulseiras, brincos e gargantilhas, a arte Kayapó revela o estado de beleza (ou meyx, na língua indígena) como um propósito para a manutenção de suas culturas.
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