Jamaraquá é uma comunidade amazônica localizada ao norte da Floresta Nacional do Tapajós (FLONA), uma Unidade de Conservação, no estado do Pará, onde acontece o encontro do rio Tapajós e a Floresta Amazônica. É uma das mais de vinte comunidades tradicionais dentro da reserva criada em 1974, onde somente depois de 20 anos de resistência dos moradores, conquistaram o direito de permanecer ali.
Neste cenário paradisíaco e rico em recursos naturais e culturais às margens da imensidão do rio, 24 famílias vivem de acordo com o ritmo das águas do Tapajós: em conexão com os saberes da floresta, desenvolvendo diversas atividades que privilegiam a relação homem-natureza como o ecoturismo de base comunitária, a agricultura familiar, a pesca, a produção de borracha, o extrativismo vegetal e o artesanato.
Durante o período conhecido como “seca”, que vai de julho a dezembro quando o nível da água fica mais baixo, é possível curtir as praias de areia branca que emergem quase desertas, cercadas por árvores nativas. Foi bem nessa época que a Tucum esteve por lá para conhecer o Tapajós e algumas comunidades ribeirinhas como a de Jamaraquá, a Associação de Artesãs e suas biojoias, feitas a partir de sementes, cipós e fibras nativas e o látex, produzido e beneficiado pelos próprios moradores da comunidade.
Sementes como jutaí, tento vermelho-da-mata, tento-amarelo-do-igapó, morototó, saboneteira, olho de boi, muirapixi, paxiúba, copaibara, inajá e tucumã são coletadas pelas mulheres direto da floresta, normalmente quando já estão no chão e sempre respeitando o ciclo natural de cada espécie. São essas sementes que, depois de beneficiadas manualmente, viram matéria-prima para as biojoias. Colares, gargantilhas, brincos, pulseiras e outros acessórios são produzidos à mão, através de saberes transmitidos pelas mulheres mais velhas às mais novas.
O trabalho de manejo das seringueiras para extração artesanal da borracha é uma das atividades desenvolvidas pelos homens da comunidade. O látex é transformado tanto em folha semi-artefato (FSA) voltado à produção de pneumáticos quanto em folha de defumação líquida (FDL), utilizada no artesanato. Todas as etapas, desde o manejo até a secagem natural, são feitas pelos moradores da comunidade seguindo técnicas tradicionais de produção das mantas de borracha natural amazônica.
O turismo de base comunitária conta com trilhas guiadas condutores ambientais, que são também moradores de Jamaraquá. Floresta a dentro, muitas espécies da fauna e flora amazônica e igarapés e igapós selvagens e de água gelada. Também é possível acompanhar da produção da borracha natural, dependendo da época do ano e passar na sede de Associação das Artesãs, onde funciona a lojinha do artesanato. Artesãs, seringueiros, guias e demais moradores desenvolvem as atividades geradoras de renda, estimulando a valorização dos recursos naturais e culturais da comunidade.
Nossa recepção não poderia ter sido mais acolhedora! Seu Pedrinho e dona Conceição nos receberam na pousada deles, uma das duas hospedarias familiares de Jamaraquá. O padrão de construção é rústico e típico da região, com teto revestido de palha curuá e paredes de madeira nativa, o que faz as casas ficarem bem fresquinhas. Mas o melhor foi pendurar nossas redes nessa pousada tipicamente ribeirinha e acordar de cara com o enorme Tapajós. Ô sorte!
Acesse aqui e conheça a coleção das Biojoias de Jamaraquá desenvolvida para a Tucum!
Para saber mais sobre a história da FLONA e da região de Jamaraquá: http://www.icmbio.gov.br/flonatapajos/