Editorial Pindorama: Protagonismo, arte e ativismo

No lançamento da Plataforma Tucum das Artes Indígenas, um editorial conceituado, produzido e realizado por talentos indígenas mostra a importância de abrir espaços para narrativas e perspectivas autorais

A Tucum nasceu para promover a riqueza, a diversidade e os modos de fazer e existir dos povos originários. Ao longo desta jornada, atuamos em diferentes frentes da estruturação da cadeia produtiva de centenas de artesãos, organizações e núcleos familiares de comunidades tradicionais. Facilitamos encontros dentro e fora das aldeias, participamos de eventos, comitivas, mobilizações. Fotografamos artesãs indígenas em campanhas, compartilhamos as histórias por trás de cada produto, elaboramos projetos de capacitação e seguimos aprendendo lições preciosas com os povos indígenas sobre resiliência, resistência e criatividade.

A vontade de abrir caminhos para um maior protagonismo indígena no nosso escopo de trabalho fez surgir o projeto de transformar a Tucum num Marketplace indígena. Agora as pessoas podem comprar e conhecer cada povo a partir de suas próprias lojas como já acontece com as marcas Meprodjà, do povo Kayapó-Mebengokre e TECÊ-AGIR, das Guerreiras Indígenas de Rondônia, com editoriais produzidos inteiramente por eles na divulgação de suas coleções.

Para o lançamento da Plataforma Tucum de Artes Indígenas do Brasil, queríamos um editorial pensado, produzido e protagonizado por indígenas e para isso, convidamos o coletivo @indigenasmodabr. Formado por ativistas e criadores indígenas de diversas áreas, eles lutam pela descolonização da indústria criativa buscando oportunidades para artistas indígenas na moda.

Dayana Molina é Diretora Criativa e Stylist, e uma das importantes vozes na demarcação dos espaços criativos da moda no Brasil. Indígena do povo Fulni-ô, Day conceituou e produziu o editorial Pindorama – Terra das Palmeiras. Sua inspiração foi a terra mítica e livre dos males, a “Pindorama” (terra das palmeiras) como era chamada a área habitada pelos Tupi-Guarani.

Reunindo um time de talentos indígenas, o editorial Pindorama – Terra das Palmeiras é um ensaio impactante, extremamente sofisticado e potente. Profissionais de beleza, curadoria, performance e audiovisual partiram de referências conceituais para apresentar perspectivas próprias, oferecendo novas formas de contar histórias sobre a arte do vestir e do re-existir.


“Não há nada que nós indígenas não possamos fazer. Inclusive, maquiagens e outras vertentes de manifestações artísticas. Adquirimos mais conhecimentos e novas ferramentas para criar inovação, que se mantém em conexão com nossas tradições de forma contemporânea.”
Dayana Molina

Há uma revolução criativa em curso promovida por diversos artistas, ativistas, comunicadores, professores, lideranças, intelectuais e outros guardiões dos saberes indígenas. Abrir espaços fortalecendo narrativas que exaltem a visibilidade indígena para nós é uma honra, além de fazer parte da nossa missão. Provocar esta inquietação no imaginário coletivo através da arte, questionando padrões e quebrando estereótipos é parte do nosso processo de reinvenção enquanto sociedade. É preciso mostrar que temos no Brasil artistas indígenas criando ricos e incontáveis mundos nas artes plásticas, na moda, no audiovisual, no design. Na Ciência, na Academia. Nas aldeias, nos centros urbanos do Brasil e do mundo.


Editorial Pindorama – Terra das Palmeiras. Day Molina – Fulni-ô (Diretora Criativa e Stylist) @molina_ela ; Luis Kwarahy – Tabajara (Maquiador) @eukwarahy; Gustavo Paixão (Fotógrafo) @ gustavohpaixao ; Salissa Rosa @sallisarosa (Artista e Modelo). Realização: @indigenasmodabr

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