Na semana em que se celebra o Dia da Amazônia, é importante reafirmar que preservar a floresta é também lutar pelos direitos de quem nela vive
Quando falamos em Dia da Amazônia, quais imagens chegam à nossa mente? Imensas árvores em muitos tons de verde, flora exuberante e diversas espécies de animais exóticos que habitam o vasto bioma amazônico costumam ganhar destaque ao pensar na maior reserva natural do planeta. Contudo, muitas vezes esquecemos do valor fundamental que as populações tradicionais desempenham para manter o que resta de floresta em pé há mais de 500 anos.
A data de 05 de setembro como Dia da Amazônia foi criada em 2007 com objetivo de destacar a importância global deste bioma que é o maior capital natural do mundo em forma de floresta tropical. Além de uma oportunidade para promover a luta pela preservação da floresta, a data serve como marco simbólico de resistência contra a exploração predatória da Amazônia e seus povos.
Entre consequências criminosas provenientes de intervenções como as de madeireiras e queimadas ilegais, o garimpo e a invasão de terras indígenas, há danos socioambientais irreversíveis também promovidos pela construção de hidrelétricas e grandes empreendimentos ligados ao agronegócio. Ainda no rastro de destruição, uma lógica perversa de aniquilamento identitário insiste em negar a imensa sociobiodiversidade do território amazônico, desconsiderando a sabedoria dos verdadeiros guardiões da floresta: os povo originários.
“Olhando o mapa da Amazônia é fácil perceber que onde tem população tradicional tem floresta. Só existe floresta porque ali tem um conhecimento tradicional e biodiversidade.”
Marcelo Salazar, ISA.
É preciso ampliar a compreensão de preservação reconhecendo as populações tradicionais como parte integrada ao meio ambiente. É urgente que novas narrativas sejam consolidadas de forma a legitimar a resiliência destas sociedades na defesa de seus territórios ancestrais, através de conhecimentos que resistem às inúmeras tentativas de apropriação de suas terras, culturas e identidades há mais de cinco séculos.
Lutar pela Amazônia é defender que seus povos continuem vivos e capazes de exercer suas diferentes visões e organizações de mundo. Como nos ensina o líder indígena, escritor e ambientalista Aílton Krenak, é urgente entender a floresta e os povos que a habitam como partes de um todo, um “organismo vivo”.
A defesa da Amazônia está diretamente ligada à valorização dos saberes indígenas, amplificando suas vozes e seus modos de pensar, de fazer e de existir.
Garantir que estes povos tenham seus direitos respeitados é contribuir com a luta pela Amazônia, pois não há separação entre a floresta como patrimônio natural da humanidade e seus habitantes, como destacou a jornalista Eliane Brum*:
“(…) o centro do mundo é a Amazônia também porque nela habitam os povos que sabem como viver no planeta sem destruí-lo, os povos que compreendem, dasmais diversas maneiras, que a sua carne é a carne da Terra. Os povos que também são floresta.”
Eliane Brum, em artigo do El País
Durante todo o ano e através de diversas iniciativas, a Tucum reafirma seu compromisso em difundir e valorizar os diferentes modos de fazer de povos indígenas e outras populações tradicionais brasileiras. Atuando em parcerias com organizações e associações indígenas e não-indígenas, a Tucum compõe uma ampla frente de luta que têm como missão defender, promover e gerar visibilidade aos povos tradicionais e seus saberes.
A hora de somar é agora! Conheça a causa indígena e compartilhe suas lutas, acompanhe nossas redes sociais e faça parte dessa rede.