Comunicadores indígenas e as redes sociais como flechas.

Reafirmando nosso propósito de promover, valorizar e difundir a arte dos povos indígenas, a Tucum inaugura com este blog mais um canal de comunicação para dar visibilidade e fazer ecoar a luta e re-existência dos povos indígenas do Brasil. Estejam eles espalhados pelos distantes igarapés da Amazônia ou sejam habitantes das grande capitais brasileiras.

Já que estamos falando visibilidade, nada melhor do que começar apresentando comunicadores indígenas, que através de seus perfis nas redes sociais tem aproximado não indígenas de suas lutas.


O smartphone é o arco e a internet é a flecha, o alvo permanece sendo nós, não indígenas. No entanto, ao longo do seu caminho essas flechas não deixam apenas um zunido, carregam consigo informações e conteúdo que promovem um novo olhar sobre a realidade dos indígenas brasileiros, quebrando preconceitos e estigmas propositalmente cristalizados no imaginário da nossa sociedade.

Aliando suas novas estratégias de luta pela internet a sabedorias ancestrais, os povos indígenas reafirmam diariamente que não são, e nunca foram, os “selvagens” que os invasores portugueses encontraram por aqui em 1500, são donos de sua própria história e capazes de contá-las muito bem.

Estes comunicadores se mobilizam nas redes sociais pela garantia dos direitos dos povo indígenas, pela resistência e valorização de suas culturas, e consequentemente  pela preservação das nossas florestas e cerrados.

Com seguidores cada vez mais engajados, os comunicadores indígenas viralizam memes, campanhas online, e até mesmo sobem hashtags nos trending topics mundiais, como no caso do desaparecimento dos corpos das crianças Yanomami, (confira a matéria completa do El País sobre ocorrido neste link) mobilizando toda rede em apoio às urgências de suas pautas.

Atualmente já são inúmeros os criadores e influenciadores indígenas, uma rede que tem se tornado cada vez mais relevante, e vai se ampliando e ganhando força conforme você vai interagindo com ela, por isso é muito importante interagir com seus conteúdos: curta, comente, salve e compartilhe sempre que possível (alô, algoritmo!).

Por aqui vamos trazer, sempre que possível, as vozes desses influenciadores e lideranças para que vocês conheçam as narrativas indígenas através de seus próprios representantes. Neste artigo você vai poder conferir um pouco mais do trabalho de Alice Pataxó e Geni Núñez, duas ativistas e comunicadoras que estão ganhando cada vez mais alcance em seus perfis nas mídias sociais.

Alice Pataxó

Alice Pataxó – Comunicadora e ativista indígena.

Como apresentadora do canal Nuhé – palavra que significa força, coragem e resistência em Patxôhã – Alice nos convida a ter um novo olhar aos povos indígenas, nos desprendendo dos estereótipos racistas e da imagem do “índio” de 1500, a nós apresentada pelo senso comum.

Alice também acaba de lançar o “Literatura Indígena nas Mãos”, novo projeto do seu canal onde toda semana ela indicará obras literárias e entrevistará seus autores: “Quero trazer uma visão completa do que o povo indígena fala, pensa e vive tanto na cultura quanto na literatura”.

Toda semana vai ao ar um novo episódio, e você já pode assistir ao primeiro vídeo onde Alice conversou com do premiado autor e professor Daniel Munduruku de 56 anos, uma de suas grandes referências: “Munduruku foi o escritor do primeiro livro indígena que eu li. Foi algo muito importante e marcante para mim” explica a comunicadora.

Sequência de tweets publicada por Alice em seu perfil no twitter @alice_pataxo

Em seu perfil no twitter Alice constantemente cria threads (sequências de tweets) informativas, nas quais ela elucida de forma muito perspicaz temas como saúde, cultura, arquitetura, educação, literatura e protagonismo indígenas. Além de esclarecer as terminologias corretas que devemos utilizar para nos referir às diferentes etnias, aldeias e povos.

Geni Núñez

Geni Núñez – comunicadora e ativista indígena.

Geni é ativista, pesquisadora, escritora e doutoranda em estudos raciais e de gênero e Guarani. Em seu Instagram (@genipapos) ela aborda temas como: raça, gênero, saúde mental e sexualidade.  A partir de uma perspectiva decolonial, uma linguagem direta e textos provocadores ela confronta seus seguidores a saírem de sua zona de conforto.

Em seu perfil do Instagram Geni provoca seus seguidores a saírem de sua zona de conforto.

Geni é membro da ABIPSI, a Articulação dos(as) Indígenas Psicólogos(as), que vem articulando a criação de uma Psicologia Indígena, capaz de acolher as particularidades de cada povo.

Ao longo do mês de julho Geni ministrará um curso online introdutório a Branquitude e Etnocídio, aprofundando o conceito de branquitude para além da dualidade branco-negro, mestiçagem e o racismo anti-indígenas.

Não deixe de acompanhar também o trabalho destas comunicadoras nas mídias sociais :

Raquel Rubeo @raquelkubeo
Chirley Pankara @ChirleyPankara
Alessandra Korap @alkorap1
Célia Xakriaba @celia.xakriaba


Seja um aliado: siga, conheça, compartilhe, reverbere essas narrativas e fortaleça essa luta, que é sua também!