Observatório Tucum

Sem comida até o próximo ano, povo Kajkwakhratxi-Tapayuna pede ajuda

Campanha busca arrecadação para 44 famílias que estão sem alimento após incêndio.

Foto: Midia Ninja

O povo Kajkwakhratxi-Tapayuna, da Aldeia Kawêrêtxikô, vive um momento dramático após um incêndio devastar a Terra Indígena Capoto Jarina, em Mato Grosso. A liderança Yaiku Suya Tapayuna relatou que as chamas cercaram a comunidade, destruindo roças, matas e fontes de remédios naturais. A floresta ao redor foi consumida pelo fogo, o que ameaça a sobrevivência de 44 famílias que dependem da terra para sua alimentação e medicina.

Além da falta de alimentos, as pessoas estão adoecendo devido à fumaça intensa. Muitos moradores sofrem de problemas respiratórios, mas a aldeia enfrenta escassez de medicamentos, tanto tradicionais quanto farmacêuticos. A comunidade também precisa de um barco para facilitar o deslocamento em emergências, pois está localizada em uma área de difícil acesso.

A situação dos incêndios em Mato Grosso é alarmante, com 527 novos focos de calor em 48 horas. O estado lidera o país em número de queimadas, com a Terra Indígena Capoto Jarina sendo uma das mais afetadas. Campanhas estão sendo organizadas para arrecadar alimentos e medicamentos para a comunidade Tapayuna, além de fundos para a compra de um barco e a recuperação das roças.

Para contribuir com a comunidade é só acessar o link aqui!

Fonte: OPAN

No Vale do Javari, seca causa doenças e impede circulação entre aldeias

Lalo de Almeida / folhapress

A seca extrema na Amazônia está ameaçando a Terra Indígena do Vale do Javari, no Amazonas, impedindo o transporte fluvial entre as 74 aldeias devido ao esvaziamento dos rios. Os indígenas estão adoecendo por falta de acesso à água potável, alimentos, remédios e gasolina. Além disso, a equipe médica que atende a área está há 120 dias sem perspectiva de rendição, agravando a crise de atendimento.

A UNIVAJA (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari) fez um alerta pedindo providências ao governo federal. Eles solicitam recursos aéreos, incluindo o conserto da única aeronave que atendia a região, além de medicamentos e a troca das equipes de saúde. A situação, segundo a UNIVAJA, coloca em risco a vida dos indígenas e sua cultura. Fonte: ClimaInfo

Participação de indígenas nas câmaras municipais cresce 32%

O número de vereadores que se declararam indígenas no Brasil aumentou de 181 em 2020 para 241 em 2024, representando um crescimento de 32,2%, apesar de ainda ser uma pequena porcentagem do total de vagas disponíveis nas câmaras municipais (0,41%). Já para o cargo de prefeito, foram eleitas nove pessoas indígenas no primeiro turno, em um universo de 5.466 municípios. Em 2020, oito prefeitos se declararam indígenas, mostrando uma leve evolução nesse aspecto.

Além do aumento entre indígenas, houve também um crescimento na eleição de vereadores negros (pretos e pardos). Em 2024, eles somaram 26.789, representando 45,86% do total de vereadores eleitos. Contudo, esse número ainda está abaixo da proporção de candidaturas negras, que foi de 52% do total. A nova regra que estipula que apenas 30% dos fundos partidários e eleitorais devem ser destinados às candidaturas negras pode ter influenciado nesse resultado.

Por outro lado, o número de vereadores brancos e amarelos diminuiu. O total de vereadores brancos passou de 31.100 em 2020 para 30.846 em 2024, enquanto o de amarelos caiu de 234 para 213. Além disso, cerca de 4.400 candidatos que anteriormente se declaravam negros mudaram sua classificação para brancos, o que pode estar relacionado à mudança nas regras de distribuição de fundos eleitorais. Fonte: G1

Indígenas conquistam espaço nas Eleições Municipais de 2024 com 9 prefeitos e 241 vereadores eleitos em todo o Brasil

Os povos indígenas tiveram participação expressiva nas Eleições Municipais de 2024. Foram 9 prefeitos eleitos. Em 2020, foram 8 indígenas conduzidos ao cargo de chefe do Poder Executivo Municipal; nas eleições de 2016, foram 6. Para o cargo de vereador, foram eleitos 241 indígenas nas cinco regiões do país. Em 2020, foram 181 e nas eleições de 2016 foram 168. Os dados são do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Neste ano, as candidaturas aos cargos de prefeito, vereador e vice-prefeito de pessoas que se declararam indígenas somaram 2,5 mil – 332 a mais do que nas Eleições Municipais de 2020, de acordo com levantamento da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib).

“Essa participação evidencia a vontade e necessidade de os povos indígenas estarem em processo de cidadania exercendo seus direitos civis e políticos e, também, de terem oportunidade de incluir a pauta indígena tanto no Poder Executivo quanto no Legislativo”, avalia a presidenta da Funai, Joenia Wapichana.

Dos 9 prefeitos indígenas eleitos, quatro foram no Nordeste (uma na Paraíba, dois em Pernambuco e um em Alagoas), três no Norte (um no Amazonas e dois em Roraima) e dois no Sudeste (Minas Gerais), sendo uma mulher e oito homens.

Dos 241 vereadores que se declararam indígenas, 86 são do Nordeste, 77 do Norte, 30 do Sul, 28 do Centro-Oeste e 20 do Sudeste. Foram 202 homens e 39 mulheres indígenas eleitos à vereança para um mandato de quatro anos. Fonte: Gov.br

Índice de alfabetização entre indígenas sobe, mas segue preocupante

Imagem: Fernando Frazão/Agência Brasil

O Censo de 2022 do IBGE revelou que 85% dos indígenas brasileiros de 15 anos ou mais são considerados alfabetizados, um aumento em relação aos 76,6% registrados em 2010. No entanto, essa taxa permanece inferior à média nacional de 93%. A pesquisa, baseada na autodeclaração de etnia, incluiu mais de 1,6 milhão de indígenas, dos quais 622.844 vivem em terras indígenas (TIs) e 1.071.992 fora dessas áreas.

O estudo também apontou uma taxa de analfabetismo entre indígenas de 15,05%, mais que o dobro da média nacional de 7%. Nas TIs, essa taxa é ainda maior, atingindo 20,8%, e é especialmente alta entre idosos. Regiões como Norte e Nordeste apresentam índices superiores à média indígena nacional, com 23,01% e 23,74%, respectivamente, para os que vivem em TIs.

 Foto Fernando Frazão/Agência Brasil

Além da alfabetização, o censo avaliou as condições habitacionais dos indígenas. Cerca de 63% das casas indígenas têm abastecimento de água interna, uma porcentagem bem inferior à média nacional de 93,97%. Nas TIs, esse número cai ainda mais, para 30,76%. A coleta de lixo também é precária, atingindo apenas 13,78% dos domicílios em TIs, enquanto 85,42% utilizam formas inadequadas de esgotamento sanitário.

Por fim, o censo abordou o registro de nascimento, mostrando que 89,12% dos indígenas possuem registro em cartório e 4,97% têm o Registro Administrativo de Nascimento Indígena (Rani), emitido pela Funai. Em TIs, o percentual de registrados em cartório é um pouco menor (85,53%), refletindo desafios de acesso a serviços burocráticos nessas áreas. Fonte: Agência Brasil

Ceará finaliza demarcação física da Terra Indígena Pitaguary, em Maracanaú e Pacatuba

MARACANAÚ-CE, BRASIL, 08-10-2024: Iinstalação dos marcos de demarcação física da Terra Indígena Pitaguary, nos municípios de Maracanaú e Pacatuba. (foto: Fabio Lima/ OPOVO) (foto: FÁBIO LIMA)

O Governo do Ceará realizou a demarcação física da Terra Indígena Pitaguary, localizada entre Maracanaú e Pacatuba, consolidando o território como pertencente legalmente ao povo Pitaguary. A cerimônia contou com a presença de lideranças indígenas e autoridades, marcando uma vitória após mais de 30 anos de luta pela reorganização do território, que teve uma demarcação inicial em 2007, mas foi contestada judicialmente.

A terra Pitaguary, que abrange 1.735 hectares, passou por uma nova demarcação física iniciada em julho de 2023, com a instalação de marcos a cada 500 metros, em áreas de difícil acesso. A demarcação foi coordenada por diversos órgãos, como a Funai, Idace e a Secretaria dos Povos Indígenas do Ceará (Sepince), que também conduziram estudos antropológicos necessários para comprovar a legitimidade da área como território indígena.

Após a instalação dos marcos, o território aguarda homologação da Presidência da República, que reconhece oficialmente a área como propriedade do povo Pitaguary, protegendo-a contra a venda ou ocupação indevida. A cerimônia também incluiu um ritual na Mangueira Centenária, simbolizando a importância espiritual e cultural da terra, além de sua função econômica, já que a agricultura familiar é uma das principais fontes de sustento da comunidade.

O acordo técnico que prevê a demarcação de quatro terras indígenas no Ceará já contemplou, além da Pitaguary, as terras Jenipapo-Kanindé e Tremembé de Queimadas, restando apenas a demarcação da terra indígena Tapeba, programada para novembro de 2024.

Fonte: O povo