Observatório Tucum

Capa: Comemoração dos 25 anos do retorno dos Panará ao seu território tradicional. Foto: Kamikia Kisedje.

A comemoração dos 25 anos do retorno dos Panará ao seu território tradicional. Com dança e cantos tradicionais, corrida de tora, disputa de arco e flecha, moitará (troca de objetos entre os participantes do evento), a celebração contou com encontro das mulheres e falas importantes dos Panará e de seus convidados. Durante o período da ditadura militar, impactados pela construção da BR-163, os Panará foram transferidos contra sua vontade para o Parque Indígena do Xingu – onde viveram um exílio dentro do próprio país. Há 25 anos, eles retornaram ao seu território de origem, encerrando um ciclo de perdas e muita dor. Os Panará são guerreiros e têm muitas conquistas a comemorar. Fonte: ISA

Vídeo feito por Arewana Yudja e Kujãesage Kaiabi, da Rede de Comunicadores Xingu+

GT dos Povos Indígenas
Durante quatro semanas, o Grupo Técnico Povos Indígenas se reuniu de forma virtual e presencial para analisar a atual situação da política indigenista do Estado brasileiro. Na última segunda-feira (12/12), o GT entregou o seu relatório final ao gabinete de transição com 10 pontos que tratam do desmonte da agenda indígena e apresentam medidas a serem tomadas pelo novo governo. “Atualmente, temos Terras Indígenas que estão pendentes de estudos, de portaria declaratória, levantamento fundiário, pagamento das benfeitorias ou alguma outra pendência jurídica. Estas 13 TIs não possuem nenhuma pendência, ou seja, estão prontas para serem homologadas. Inclusive, cinco delas já estavam na Casa Civil e foram devolvidas para a Funai pelo governo Bolsonaro. O que falta é vontade política e é por isso que estamos submetendo elas ao presidente Lula”, afirma o advogado e coordenador jurídico da APIB Eloy Terena, que integra o GT.



Alerta Yanomami
Mulheres lideranças, do povo Yanomami, reunidas no XIII Encontro Anual de Mulheres Yanomami, escrevem carta ao presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, pedindo o fim do tormento causado pelo garimpo ilegal em Terras Yanomami. Invadido por milhares de garimpeiros, o território Yanomami tem sido alvo de diversas violências como ataques, estupros e aliciamento de mulheres, a destruição do meio ambiente comprometendo a caça e a pesca, e a disseminação de doenças. Uma das demandas da carta é uma melhor estrutura de saúde e educação para as crianças Yanomami.

Do início do ano até agosto, mais de 1.100 hectares foram destruídos, e de dezembro de 2021 até a agora houve um aumento de 35% de destruição decorrente das ações do garimpo ilegal na região.

“Queremos viver na floresta viva e bonita. Nós Yanomami queremos viver novamente na terra sadia, que é a verdadeira terra-floresta Yanomami. Nós queremos que nossas crianças continuem nascendo bem e fortes. Precisamos de sua ajuda para curar a floresta e também os animais que aqui vivem”, diz trecho da carta. #sosyanomami #foragarimpo #alertayanomami



“Choram todos os dias”
Em 16 de setembro, a comunidade de Makabei, na Terra Indígena (TI) Yanomami, chorou a morte de uma criança de apenas 2 anos, que vamos chamar de M. Ela estava com malária, infectada pelo Plasmodium falciparum, o mais agressivo dos protozoários que causam a doença, e desenvolveu malária cerebral, uma complicação grave que, não raramente, leva à morte.

A morte de M. não é um caso isolado. Nos três primeiros anos do governo Bolsonaro (2019-2021), ao menos 14 crianças menores de 5 anos morreram em decorrência de malária na maior TI do país, localizada entre Amazonas e Roraima. Os dados inéditos foram obtidos pela Agência Pública junto à Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI). A malária, que matou mais de uma dezena de crianças Yanomami e infectou milhares em três anos, está incluída em uma lista de “óbitos por causas evitáveis”, classificação que abrange doenças tratáveis, como pneumonia, desnutrição, diarreia e verminoses.

Mulheres Yanomamis e suas crianças na luta contra o etnocídio em seu próprio território. Foto: Nelson Almeida/AFP


Júnior Hekurari Yanomami, presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuana (Condisi-YY) e responsável por relatar o caso de M. à Pública, resume o processo de luto que uma morte como essa causa em seu povo. “Choram todos os dias, todas as noites. Toda a comunidade, não só a mãe, a família inteira. Ficam de luto, chorando, de manhã, de tarde, de noite. Ficam chorando durante meses”, explica o líder indígena, que preside também a Urihi Associação Yanomami.

A malária, que matou mais de uma dezena de crianças Yanomami e infectou milhares em três anos, está incluída em uma lista de “óbitos por causas evitáveis”, classificação que abrange doenças tratáveis, como pneumonia, desnutrição, diarreia e verminoses. Se considerarmos todas as mortes por causas evitáveis, o cenário na TI Yanomami se mostra ainda mais aterrador: entre 2019 e 2021, ao menos 429 crianças menores de 5 anos morreram no território indígena por causas que poderiam ter sido evitadas ou tratadas.

A fraude na compra de medicamentos para os Yanomami teria se iniciado em outubro do ano passado, quando a empresa Balme Empreendimentos Ltda. firmou contrato com o Dsei-Y para o fornecimento de 90 tipos de remédios. Ao longo do último ano, porém, foram entregues menos de 30% dos medicamentos contratados. O esquema, que teria movimentado cerca de R$ 600 mil, envolve dois ex-coordenadores do Dsei Yanomami, Rômulo Pinheiro e o ex-vereador Ramsés Almeida da Silva, além de uma farmacêutica, um assessor de Ramsés e o empresário Roger Henrique Pimentel, dono da Balme Empreendimentos.

Entre os medicamentos afetados está o vermífugo albendazol, que é utilizado de maneira coletiva no tratamento de verminoses e que, por conta da fraude investigada, deixou de ser aplicado em mais de 10 mil crianças, de acordo com o MPF. A falta desse e de outros fármacos já vinha sendo denunciada pelos Yanomami pelo menos desde julho, quando a Hutukara Associação Yanomami divulgou carta relatando casos extremos de verminose, inclusive com crianças expelindo vermes pela boca. Há inclusive registros visuais da situação. Fonte: Agência Pública

COP15
Diferente da COP27, ou Conferência do Clima, que aconteceu no Egito, a COP15 é conhecida como a Conferência da Biodiversidade e tem como foco resgatar e proteger os diversos biomas ao redor do mundo. O encontro reúne mais de 200 países e está acontecendo agora em Montreal, Canadá. A APIB participa com uma delegação indígena para mostrar que não há justiça climática sem garantir o direito à terra aos povos originários.


“É comprovado que os territórios indígenas têm um papel chave para enfrentar as mudanças climáticas e conservar a biodiversidade no mundo e isso é um fator que não pode ser deixado de lado”, reforça Dinanam Tuxá, coordenador executivo da Apib, que integra a comitiva que está no Canadá.
“A mineração é outro tema importante a ser enfrentado. Muitas mineradoras internacionais e financiadas por bancos internacionais, incluindo as canadenses, estão causando destruição e gerando conflitos graves nos nossos territórios. Reconhecer e proteger nossos direitos às Terras é a maneira mais eficaz de garantir que nossa preciosa biodiversidade permaneça de pé.”, afirma Puyr Tembé, coordenadora da Federação dos Povos Indígenas do Estado do Pará (Fepipa) e da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga). Foto: Kamikia Kisedje.


Alice no top 100 da BBC
A ativista do clima, jornalista e influenciadora baiana Alice Pataxó está na lista das 100 mulheres mais influentes e inspiradoras de 2022, feita pela BBC. A indígena foi indicada por Malala Yousafzai, ativista da educação e vencedora do prêmio em 2021. “Tenho tanto orgulho em indicar a Alice Pataxó para o BBC 100 Women deste ano. O compromisso inabalável da Alice na luta que envolve mudanças climáticas, equidade de gênero e direitos indígenas me dá esperança de que um mundo mais igualitário e sustentável está ao nosso alcance.”, escreveu Malala. Fonte: G1

Alice é uma das principais vozes da juventude indígena e uma das lideranças de seu povo que habita o sul da Bahia. Foto: reprodução Instagram.



Juventude ativista, indígena e feminina
A Revista Claudia deste mês traz na capa a comunicadora Samela Sateré-Mawé. No último ano da sua graduação em biologia na Universidade do Estado do Amazonas (UEA), ela é ativista no Fridays For Future Brasil, braço do movimento fundado por Greta Thumberg; apresentadora do Canal Reload no YouTube; comunicadora da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil e da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade; e coautora do projeto de lei Amazônia de Pé. Fonte: Revista Claudia.

“É essencial que a gente esteja presente nesses espaços que debatem a justiça climática e ambiental, e quais são os efeitos dessas mudanças na vida de jovens e de populações periféricas e quilombolas”. Foto: Jonathan Wolpert/CLAUDIA



Identidades em retomada
“AQUI ESTAMOS” é a nova exposição da artista indígena UÝRA, em cartaz no MAM-Rio. A mostra individual apresenta a produção da artista com foco nas histórias das diásporas indígenas no Brasil, em um movimento de retomada e de resgate da identidade. Em sua pesquisa, UÝRA busca a autoestima coletiva e a continuidade da vida, ressaltando a abundância de experiências dos parentes indígenas com o espaço, a memória e o tempo, estimulando encontros e a criação de vínculos. A exposição fica em cartaz até abril de 2023. Fonte: Revista Cenarium.

“A exposição é um convite para que nesse tempo do agora, a gente possa enxergar com franqueza e dignidade as verdadeiras histórias que formam o Brasil, principalmente dos povos indígenas que estão neste território desde antes da invenção“.