Observatório Tucum

Povos indígenas do Vale do Javari protestam contra omissão do governo diante das buscas por Bruno pereira e Dom Phillips e exigem ação contra invasores de territórios indígenas. Atalia do Norte, AM. Foto: Pedro Ladeira/Folhapress

Toda semana, nosso radar do movimento indígena


A sede da UNIVAJA (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari) está localizada em Atalaia do Norte, no estado do Amazonas. A associação representa os povos Marubo, Matis, Kanamari, Mayoruna, Kulima-Pano e Korubo e nos últimos dias, tornou-se o epicentro das informações sobre o caso envolvendo o desaparecimento e possível assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips. De lá partiram as orientações para as investigações dos órgãos responsáveis pelas buscas, comprovando o protagonismo dos povos indígenas não somente no profundo conhecimento sobre seus rios, florestas e territórios mas também sobre os perigos e ameaças que os rondam diariamente.

Apesar da dificuldade de pensar em outro tema que não seja este crime brutal que chocou o mundo e segue sem respostas, o Observatório Tucum desta semana traz as movimentações da luta indígena que não pára e nunca parou. A resistência é parte fundamental deste movimento, que não arreda o pé da luta na defesa de seus territórios e suas vidas. “A Amazônia está sendo devorada”, disse recentemente o mestre Ailton Krenak, num evento em São Paulo onde foi confrontado por um representante do pensamento tacanho a favor da mineração em terras indígenas. E é justamente para barrar a destruição em curso que precisamos agir. Precisamos ocupar a Amazônia, sair em defesa das populações tradicionais que a habitam desde tempos imemoriais, guardando o que ainda resta de floresta no planeta.

É preciso agir já! Por Bruno e Dom, e também por Maxciel Pereira dos Santos, por Chico Mendes, por Dorothy, por Ari Uru Eu-Au-au, por Paulo e Zezico Guajajara e por todos os outros ativistas, líderes comunitários e lideranças indígenas que são e foram vítimas das violências que se impõem na contramão da floresta viva. Eliane Brum, em sua última coluna para o El País Espanha escreveu que “o único jeito de manter os defensores da natureza vivos é se tornarem tão numerosos que, para silenciá-los, será preciso matar cada um de nós.” O FUTURO ANCESTRAL É AGORA.

APIB faz denúncia na Corte de Haia
A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) enviou nesta terça-feira ao Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia, na Holanda, uma nova manifestação contra a política do governo do presidente Jair Bolsonaro, a quem já acusa da prática do crime de genocídio e de crimes contra a humanidade por extermínio, perseguição e outros atos desumanos como os ocorridos contra o povo ianomâmi. Fonte: O Globo.

Funcionários da Funai fazem greve por 24 horas em protesto pelo desaparecimento de Dom Phillips e Bruno Pereira em frente ao Palácio da Justiça. Foto: Cristiano Mariz/O Globo


Para adiar o fim do mundo
Enquanto o escritor Ailton Krenak, uma das principais lideranças
indígenas do país, realizava uma palestra para cerca de 200 pessoas na Feira do Livro, em São Paulo, um homem vestido com verde e amarelo dos pés à cabeça se destacou na plateia. “Quero saber como a gente faz para tirar o ouro das terras dos índios, pois o Brasil precisa desse minério para progredir”, vociferou o sujeito, repetidamente. Krenak solicitou que um microfone fosse entregue ao senhor, e a frase de antes foi refeita aos berros. Ao que o palestrante retrucou, com calma: “Para essa proposta, a única resposta que tenho é a seguinte: não”. O restante da plateia o apoiou e gritou, em coro: “Fora, garimpo!”. Foi então que o homem saiu correndo, “parecendo o Forrest Gump”, como brinca Krenak. Fonte: O Globo.



Ameaças, violência e morte
Os últimos acontecimentos de violência sobre servidores públicos e ativistas ambientais traz à tona a realidade amarga: o Brasil é um dos países que mais mata aqueles que lutam pela justiça socioambiental. Via @Modefica. Fonte: CPT

Histórias tapajoaras em série

Está no ar o primeiro episódio da série “O Som do Rio”. Criada pela artista e ativista socioambiental Maria Gadú, a produção conta com a ativista indígena Val Mundukuru compartilhando conhecimentos sobre a região amazônica, enquanto percorrem o Rio Tapajós, no Pará.

Biblioteca do Aílton tá de aniversário

A Biblioteca de Aílton Krenak é uma casa flutuante, casa de palavras, onde você é convidade a encontrar ideias para adiar o fim do mundo. Uma iniciativa da comunidade Selvagem para catalogar, organizar e divulgar as falas on-line de Ailton Krenak. É possível acessar a Biblioteca e sugerir novos conteúdos pelo link: selvagemciclo.com.br/comunidade  

https://www.instagram.com/selvagem_ciclodeestudos/

Imersão Huni Kuin
Com muita alegria, convidamos a quem sentir o chamado para essa imersão na cultura Huni Kuin, conduzida por Txaná Ikakuru é líder espiritual da Aldeia Boa Vista, do rio Jordão. Neto de Romão Sales (guardião de cantos da cerimônia do Nixi Pae) e do Mukaya Ikakuru, é fundador da escola Yube Nawa Aibu, em sua aldeia, feita para estudos de cantorias, medicinas da floresta e dietas espirituais.Além de dedicado estudante dos cantos e espiritualidade de seu povo, Txaná Ikakuru trabalha como embaixador Huni Kuin, levando sua cultura para diversos locais do mundo.
Dessa vez Ikakuru vêm acompanhado de Txaná Uri, seu filho mais velho preparado para seguir os passos de viajar pelo mundo levando a cultura Huni Kuin. Informações: Matheus: (61) 9282-5226 / ritualtxai@gmail.com Inscrições: http://portaltxai.org/product/imersao-huni-kuin-txana-ikakuru-e-txana-uri/

Arte: @gabtakashi e @kocovicanja / https://www.instagram.com/guardioeshunikuinrj/