Observatório Tucum

Capa: Arte-denúncia da artista Abya Yalese |@abyayalese contra a presença de dragas de garimpo na T.I. Munduruku (PA).

Toda semana, nosso radar do movimento indígena


Garimpo segue em ação na terra Munduruku
Segunda denúncia da presença de garimpeiros em terras indígenas no Pará das últimas semanas. Depois do povo Xipaya, que mora no sudoeste do Pará, são os indígenas do povo Munduruku que alertam sobre a presença de dragas no entorno da aldeia Sawre Muybu, em Itaituba (PA), conhecida como a “capital nacional do garimpo”. O @infoamazonia registrou a presença de draga durante visita à aldeia localizada na T.I. Munduruku Daje Kepap Eypi, que fica no médio Tapajós, entre os municípios de Trairão e Itaituba. Garimpeiros teriam dito a indígenas da comunidade que eles agem na legalidade, pois têm Permissão de Lavra Garimpeira (PLG). Mas os moradores acreditam que sejam documentos forjados.

A ativista Beka Munduruku denunciou a situação no Twitter, cobrando atuação do poder público. “Esta draga está na frente da minha aldeia há mais de 1 mês. Já denunciamos e falamos pros garimpeiros saírem, e nada. Nem o ICMBio resolveu, nem os garimpeiros saíram. Precisamos de ajuda!”, disse ela. Fonte: Casa Ninja Amazônia.


Marco Temporal, não!
Mais uma jornada de luta contra a ameaça do Marco Temporal já tem data marcada. A APIB convoca novamente as bases, povos e organizações indígenas de todas as regiões do Brasil para que sigamos mobilizados e vigilantes a partir de 23 de junho, para quando está marcada a sessão de retomada do julgamento da tese absurda que coloca em risco o futuro das letras indígenas de todo o Brasil.

Os povos Xokleng, Kaingang e Guarani da T.I. Xokleng La Klaño (SC), são o foco desse processo, considerado pela Suprema Corte em 2020 como caso de Repercussão Geral, isto é, servirá de base para todas as demais ações judiciais similares. A luta não pode parar! Fonte: APIB

Bancada indígena
Até hoje, somente dois indígenas ocuparam um gabinete na Câmara e nenhum foi eleito para o Senado. O primeiro foi o xavante Mário Juruna, que se elegeu pelo Rio de Janeiro no PDT em 1982; a segunda foi Joenia Wapichana, primeira mulher indígena a se tornar deputada federal, eleita em 2018 pela Rede de Roraima. O Congresso brasileiro passou 30 anos sem nenhum representante dos povos originários e foi parar mudar essa realidade que uma bancada indígena está em formação através das candidaturas espalhadas pelo país.


“Sou pré-candidata a deputada federal pelo estado de Minas Gerais porque não suportamos mais ser engolidos pela monoculturação, porque toda monocultura mata, sou pré-candidata porque não suportamos mais o racismo da ausência. Somos pré-candidata pela bancada do Brasil ancestral porque nós queremos chegar fortalecidas com a presença das mulheres indígenas, e fazer uma unificação da bancada do cocar e do turbante. Somos corpos plurais porque carregamos muitos povos e muitas lutas dentro de nós. Não tenham medo de nosso cocar.” via @celia.xakriaba
“Temos nos obrigado a participar desse mundo, por mais estranho, esquisito, caótico, indefinido e impessado, que seja o mundo da política.” Foto: Luciano Avanço.

“Se a gente não faz, alguém faz, e nem sempre são os nossos amigos e aliados”, explicou o professor e escritor Daniel Munduruku à Pública. Ele é pré-candidato a deputado federal pelo PDT em São Paulo e considera que os povos indígenas não têm outra alternativa além de “tentar forçar, no sentido positivo, a entrada de agentes indígenas que possam representar as nossas pautas”. Fonte: A Pública.

Daniel Munduruku homenageado na FLIST

A Festa literária de Santa Teresa (FLIST) acontece neste fim de semana e ocupa o bairro de Santa Teresa, no Rio com dança, música e muita literatura. O grande homenageado do evento deste ano é o premiado escritor indígena Daniel Munduruku, que já publicou 56 obras no Brasil e três no exterior. Fonte: Catraca Livre.

A programação completa, aqui: https://www.flist.org.br/


Saberes reconhecidos
Doutor Honoris Causa é o título mais importante concedido pela Universidade, atribuído a personalidades que tenham se destacado singularmente por sua contribuição à cultura, à educação, à ciência ou à humanidade. Ailton Krenak, liderança, filósofo e ativista, receberá o título de Doutor Honoris Causa da Universidade de Brasília (UnB) e Davi Kopenawa, liderança e xamã Yanomami, presidente da Hutukara Associação Yanomami (HAY), além de autor e roteirista de produções culturais, receberá o título pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).


“Krenak é um filósofo imprescindível para este momento. Ele acrescenta novas ontologias que transcendem a divisão entre a natureza e o ser humano”. vice-reitor Enrique Huelva Foto: Marcos Colon
“Davi Kopenawa é uma das vozes mais lúcidas e importantes a respeito dos problemas contemporâneos, no nosso contexto brasileiro e no que tange aos desafios planetários, como a emergência climática. É de fundamental importância que as suas ideias sejam disseminadas e discutidas.” Renzo Taddei, docente integrante do grupo que iniciou o processo da concessão do título


Selvagem presencial
Neste sábado, 14 de maio, o projeto Selvagem – ciclo de estudos sobre a vida realiza uma roda de conversa no MAM Rio. “O beijo do beija-flor” será o primeiro encontro presencial Selvagem após os tempos de isolamento pandêmico. Com participação de Ailton Krenak, Cristine Takuá, Muniz Sodré e Thelma Vilas Boas, o encontro traz reflexões sobre educação e conhecimento a partir de perspectivas indígenas, acadêmicas, científicas e tradicionais, contando com apresentação dos tambores de Babalorixá Dofono D’Omolu e dos cantos de Carlos Papá e Cristine Takuá. A entrada é gratuita e por ordem de chegada e o espaço está sujeito à lotação. Imperdível!

Mais informações: https://mailchi.mp/8e0fa2af20e3/o-beijo-do-beija-flor-encontro-selvagem-14-de-maio-s-14h-no-mam-rj


Povo Mura em luta
Em março de 2022, a jornalista Elaíze Farias @elaizefarias e o repórter fotográfico Bruno Kelly @brunokelly_photo foram até as aldeias indígenas do povo Mura, em Autazes (AM), para ouvi-los sobre o impacto da exploração de potássio em seus territórios. A situação mais dramática é a dos Mura das comunidades Soares e Urucurituba, onde a reserva do mineral está localizada. Denominada Terra Indígena Soares/Urucurituba, a área passou a ser alvo da empresa Potássio do Brasil, que comprou terrenos para instalar a planta industrial da reserva de silvinita. Desde 2003, os Mura da TI Soares/Urucurituba lutam pela demarcação na Funai. A exploração pode provocar conflitos em toda a cadeia da atividade: contaminação do solo e de rios, degradação da saúde, conflitos e divisões sociais, falsas promessas de riqueza e muito mais.

O documentário curta-metragem “A Nova Guerra dos Mura” é uma produção da agência Amazônia Real, com apoio das organizações Re:Wild e Observatório do Clima.