Observatório Tucum

Foto de capa: Edgar Kanayko, de quem reproduzimos o canto abaixo sobre importância da dança que movimenta vários mundos.

Gavião bateu asa e rodopiou

A onça pintada cantou e dançou

Sacudiu maracá, cadê assoviar?

Quero ver gavião e onça cantar

Quero ver gavião e onça dançar

Heiá he, heiá há

Quero ver gavião e onça dançar

Heiá he, heiá há…

Canto e dança do pajé Xakriabá

Toda semana aqui no blog, nosso radar do movimento indígena

São Gabriel da Cachoeira, a capital dos povos indígenas

O município tem cerca de 90% de indígenas no total populacional e possui quatro idiomas oficiais: português, nhengatu, tukano e baniwa. Além disso, a cidade se destaca por abrigar 23 etnias indígenas.

São Gabriel da Cachoeira é um destino turístico ainda não tão conhecido no resto do país. Marcivana Sateré-Mawé, coordenadora da Copime (Coordenação dos Povos Indígenas de Manaus e Entorno), reconhece que o título agrega na visibilidade das populações indígenas do município, mas ressalta que é necessário mais do que uma nomeação: “As nossas aldeias que foram transformadas em cidades, e posteriormente em capitais, foram sem dúvida o meio mais eficaz de colonização e extermínio de muitos povos. Reconhecer e visibilizar essa presença dos povos que resistem em seus antigos territórios (cidades) é sobretudo o início do pagamento dessa dívida histórica que o Brasil tem com os indígenas”. Fonte: O Globo.

São Gabriel da Cachoeira registrou nos últimos dias uma disparada de casos da Covid-19. Em janeiro, até o dia 26, foram 1.081 casos confirmados, com alta de 2.988% no comparativo com dezembro, que teve 35 casos. Neste mês, não houve registro de óbitos e, conforme o boletim epidemiológico da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), apenas uma pessoa precisou ser internada, sendo que já teve alta. Órgãos de saúde afirmam que a crise sanitária foi provocada pela forte circulação da variante Ômicron e alertou que os casos devem continuar a subir nos próximos dias. 54,3% da população da cidade completou o esquema vacinal e a vacinação de crianças entre 5 e 11 anos deve começar ainda hoje. Fonte: ISA

Artivismo 

O prêmio Megafone vai premiar ativistas e artivistas e oferecer oficinas voltadas à ações que tenham as mudanças climáticas como foco e elaboração de projetos criativos e transformadores. Serão 70 selecionados e 14 premiados (14 categorias) em duas edições, considerando a temática meio ambiente e mudanças climáticas, com no mínimo 50% dos premiados residentes na Amazônia legal e preferencialmente mulheres. Entram nessas categorias iniciativas como ação direta, arte de rua, marcha, reportagem de mídia independente, meme, perfil de rede social, música, documentário, cartaz em manifestação e fotografia, entre outros. A ideia é incentivar a ação da sociedade como agente transformador de sua realidade, fortalecer as políticas públicas ambientais e fomentar o surgimento de novos agentes, principalmente jovens e mulheres, no debate e na ação do combate à crise climática. Fonte: Greenpeace.

Índio de IPhone na mão

Em sua coluna “Oráculo”, no Itaú Cultural, a professora, cineasta, artista, curadora e pesquisadora Naine Terena traz reflexões sobre artes, políticas e processo histórico. Em sua última colaboração, Naine discute a “obsolência programada” e os ditos espaços de visibilidade para a presença indígena.

Naine Terena. Foto: Agência Ophelia

“O cidadão consumidor indígena percorre o universo das práticas de consumo, que ora olha para a frente, ora olha para trás, e tenho dito, isso tudo vem deixando muitos parentes um pouco confusos com essa lógica da mercadoria, porque ela quer dizer “Abaixo o iPhone”, mas ao mesmo tempo pretende nos enquadrar como uma mão de obra do mercado que produz um iPhone (quem deveria poder comprar um iPhone?). Por outro lado, a revolução, a contrainformação e o ativismo acontecem a partir do dispositivo tecnológico indígena – ou essa é a expectativa, ter acesso às tecnologias que possam fazer ecoar as demandas.” Leia a coluna na íntegra: Itaú Cultural.

Projeto de megausinas no Tapajós liberado

Depois de 10 anos, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) liberou os estudos de viabilidade para construção de três grandes hidrelétricas na região amazônica. O pedido, feito pela Eletrobras e sua subsidiária Eletronorte, foi aprovado nesta semana pela agência. Os estudos vão avaliar a instalação das usinas de Jamanxim, Cachoeira do Caí e Cachoeira dos Patos. Eletrobras e Eletronorte estão no “Consórcio Tapajós”, criado para viabilizar essas hidrelétricas que, há mais de uma década, não saem do papel devido aos possíveis impactos socioambientais sobre áreas de conservação e terras indígenas da Amazônia. Fonte: Um só planeta

Perseguição e etnocídio

Decisão para retirar a professora Márcia Nunes Maciel, Márcia Mura, doutora em História Social pela USP, indígena da etnia Mura e pesquisadora indígena, da escola ribeirinha “veio de cima”, segundo a diretora.O relatório que sustenta o pedido de remoção apontou dificuldades em lotar a docente por “insistência da professora em inserir a temática indígena” e com orientação para lotar Márcia em uma escola de Porto Velho, na cidade, longe das Comunidades Tradicionais e Povos Originários. Sindicato dos Trabalhadores da Educação de Rondônia vê indícios de perseguição. Fonte: APública.

Arte: Canal Reload
Arte: Canal Reload

Emboscada contra liderança Ka’apor

Na manhã de sábado (22/1), no município de Santa Luzia do Paruá (MA), madeireiros cercaram o carro em que estavam duas pessoas, entre elas uma liderança Ka’apor. O motorista de um dos carros apontou em direção à liderança, fazendo ameaças. A liderança e a outra pessoa usaram um restaurante como abrigo. Depois, se dirigiram até a delegacia de polícia, ficando ali das 12h às 15h, sem serem atendidas. As ameaças foram em resposta ao fechamento do ramal madeireiro pelos Ka’apor. A comunidade segue reforçando o número de indígenas na área de proteção e informam que vão continuar defendendo o seu território com a força que já demonstraram em diversas ocasiões ao longo de sua história. Fonte: CIMI

“O Povo Ka’apor, da Terra Indígena Alto Turiaçu, principalmente os [integrantes] mais ligados ao Conselho de Gestão Ka’apor, sofreram mais uma ameaça de morte, na cidade de Santa Luzia do Paruá, um dos municípios que o território abrange (…) O povo Ka’apor é um povo que luta há muitos anos contra a invasão de seus territórios e, por conta disso, tem sido ameaçado e tendo, também, vítimas de assassinato”. O relato é do coordenador regional do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Gilderlan Rodrigues. Ele descreve a perseguição sofrida por um dos povos tradicionais do Maranhão e revela a nova emboscada que quase vitimou uma das lideranças da etnia no último sábado. Fonte: Agência Cenarium.

Academia da Língua Nheengatu

Na virada do século 17 para o 18, o idioma oficial na Amazônia não era o português, mas o nheengatu. Também conhecida como língua geral, ela foi criada a partir do tupi antigo e era falada por todos os indígenas de diferentes povos da região. Apesar de inicialmente ter sido usado também pelos europeus, sobretudo os religiosos, o idioma foi depois perseguido e banido pelos portugueses.

Para resgatar a língua, um grupo de professores e escritores amazonenses criou a Academia da Língua Nheengatu, que reivindica mais espaço para o idioma nas comunidades indígenas, na academia e também na internet. O grupo quer agregar as três diferentes ortografias da língua que surgiram nas regiões do Baixo Rio Negro, Baixo Rio Amazonas, no Amazonas, e na Bacia do Tapajós, no Pará. Fonte: Revista Cenarium. via@trabalhoindigenista

UFMG reflete sobre arte e celebra Jaider Esbell

De 9 a 12 de fevereiro, a UFMG promove o seu 16º Festival de Verão com o tema “Culturas em movimento: olhares da UFMG sobre a Semana de Arte Moderna”. A edição deste ano comemora o centenário da Semana de Arte Moderna com reflexões sobre o movimento e fará uma homenagem ao artista indígena Jaider Esbell, falecido em 2 de novembro do ano passado.

Na ocasião, o público poderá assistir novamente à palestra Rever Makunaíma, que foi proferida pelo artista do povo Macuxi em 2021. O fotógrafo e mestre em Antropologia Edgar Kanaykõ é um dos convidados do evento que será gratuito e oferece certificado de participação. Basta se inscrever aqui: https://www.ufmg.br/festivaldeverao/2022/  Fonte: UFMG

Parede Gentil, de Denilson para Jaider

A galeria Gentil Carioca apresenta, na sede do Rio de Janeiro a trigésima oitava Parede Gentil, edição especial em memória de Jaider Esbell, que se fez estrela no cosmo Makunaimí 1979 – 2021, uma homenagem de Denilson Baniwa, que transita pelos mundos experimentando seus processos artísticos e, a partir da antropofagia e autofagia da arte, busca o entendimento do Outro – seja ele humano ou não. Indígena, comunicador, artista parido no Movimento Indígena Amazônico, Baniwa é nascido em Mariuá, Rio Negro. Jaider Esbell – ativista indígena Macuxi, curador e artista -, era e sempre será um nome de grande, mágica e urgente importância para a arte contemporânea do país. 

Foto: reprodução Instagram da pesquisadora Anna Heloisa Segatta


Cosmovisões da floresta pelo mundo

As curadoras Sandra Benites e Anita Ekman apresentam a pesquisa da exposição Ka’a Corpo – Cosmovisões da Floresta, dialogando com o artista Denilson Baniwa e os colaboradores Carlos Papa e Cristine Takua (Instituto Maracá) no Brasil e o historiador Freg J. Stokes, da Universidade de Melbourne, Austrália. 

A conversa tem mediação de Nick Hackworth (Diretor da Paradise Row) e gira em torno do conceito proposto por Sandra Benites, que apresenta a arte Indígena contemporânea brasileira como a tradução das cosmovisões das florestas que compõem o Brasil bem como a expressão das estratégias de resistência dos diferentes povos Indígenas nesse corpo-território. A exibição analisa as conexões entre Londres, cidade onde a exposição está montada, e a história da devastação da “Ka’aguy Porã” ou “Nhe’ery” : a Mata Atlântica. 

Vitrine da Galeria Paradise Row, Londres, onde a exposição está em cartaz até 11 de fevereiro. Foto: Mirko Boffelli.

Rap indígena no Rock in Rio

O primeiro grupo de rap indígena do Brasil, Brô MC’s, é confirmado na programação do Festival de música Rock in Rio 2022. Brô MC’s ganharam repercussão cantando sobre o cotidiano das aldeias Jaguapirú e Bororó, localizadas na cidade de Dourados, oeste do Mato Grosso do Sul. Citam, nas letras, a luta pela terra, a questão da identidade indígena, problemas como o consumo de drogas e álcool e os altos índices de suicídio das aldeias. A apresentação está confirmada para o dia 3 de setembro, dia dedicado ao Rap Nacional no palco Sunset com participação de Racionais, Criolo, Xamã , Papatinho, L7NNON, MC Carol, MC Hariel e Mayra Andrade, de Cabo Verde. Via https://www.instagram.com/apiboficial/ 

Foto: divulgação/ via Campo Grande news