Observatório Tucum #27

Foto: Leonardo Milano/Amazônia Real

Toda semana aqui no blog, nosso radar sobre o movimento indígena!

Tucum em pauta 

A ECOA é uma plataforma da UOL que conta histórias de pessoas, empresas e organizações atuantes na transformação social. Nessa semana, Amanda Santana contou um pouquinho da história da Tucum Brasil e como a missão de fortalecer os povos originários foi guiando o caminho fazendo do artesanato uma importante ferramenta de re-existência. A entrevista você confere aqui.

Amazônia em ritmo de destruição alarmante

Entre 1985 e 2020, a Amazônia perdeu 52% de suas geleiras e 74,6 milhões de hectares de sua cobertura vegetal natural – uma área equivalente ao território do Chile. No mesmo período, houve um crescimento de 656% na mineração, 130% na infraestrutura urbana e 151% na agricultura e pecuária. Os dados são da MapBiomas Amazônia, iniciativa liderada pela Rede Amazônica de Informações Socioambientais Georreferenciadas (RAISG) com o apoio do MapBiomas. As informações do mapeamento são de livre acesso e download direto da plataforma. Fonte: ISA.

Retomada Maxakali

Os povos Tikmũ’ũn, conhecidos como Maxakali são tradicionais ocupantes da Mata Altântica e formam hoje uma população de quase 3 mil pessoas. Desde 28 de setembro, quase 400 pessoas do povo Maxakali fazem retomada em Teófilo Otoni (MG) para construir sua Aldeia Escola Floresta – Yãy Hã Mĩy. A terra pública estava cedida para construção de um campus do Instituto Federal do Norte de Minas, mas seguia abandonada. A retomada está ligada a uma luta por acesso à água e às condições de sobrevivência da forma de vida do povo. Trata-se de um projeto de reflorestamento, agroecologia, paz e prosperidade, onde querem, com os ensinamentos e a força de sua espiritualidade – os Yãmĩyxop – reencontrar o equilíbrio de suas vidas com as águas, os animais e a floresta. Fonte: APIB

Pra ouvir: Papo de Parente

Célia Xakriabá e Tukumã Pataxó comandam o primeiro podcast indígena a estrear numa grande plataforma de streaming. Com edição e produção de Cristian Wairu, do povo Xavante, e idealização da jornalista Letícia Leite, o Papo de Parente vai receber semanalmente convidados para conversar sobre cultura, política, artes, território, identidade e ancestralidade. Caetano Veloso, Lucas Penteado, Letícia Sabatella e Sônia Bridi são os convidados de Célia e Tukumã no episódio de estreia. Fonte: Globo.

Cinturão Verde Guarani 

De acordo com o Nhandereko – o modo de viver do povo Guarani, natureza e indivíduo não são coisas separadas, pelo contrário, coexistem enquanto partes de um só território simbólico. Em 2016, junto aos órgãos públicos de São Paulo, as comunidades Guarani, articuladas através da Comissão Guarani Yvyrupa (CGY), iniciaram uma nova luta através do PL 181/16. #CinturãoVerdeGuarani é um projeto de lei mas também é um projeto de futuro, uma oportunidade para que a sociedade não-indígena aprenda, respeite e coopere na manutenção da vida e dos direitos dos povos originários. Fonte: NEXO

Só em 2019, mais de 300 mudas de espécies como pitanga, cambuci, araucária, palmito-juçara, entre outras, foram plantadas nas matas aos arredores da aldeia Yvy Porã, na Terra Indígena Jaraguá, zona noroeste de São Paulo. Junto ao plantio, um trabalho de recuperação das nascentes na região também está sendo feito, com um cuidado especial para matas que preservam a umidade rente ao solo. O Programa Aldeias e as comunidades Guarani da cidade de São Paulo, com o apoio de diversos parceiros, conseguiram as mudas nativas e realizaram a construção de viveiros para a ação de reflorestamento.

Cara de índio? Não, cara pálida!

“Nós indígenas somos seres múltiplos, depois de séculos de colonização, a maioria de nós não é “puro” na genética e nem cultura. Aliás, mesmo antes da colonização já éramos múltiplos em todos os sentidos, essa também era/é nossa força. (…) Associar ser indígena a um único fenótipo é reforçar o etnocídio que vivemos. Da mesma forma, somos múltiplos em alianças e culturas, indígena não significa, nem nunca significou ter “purismo cultural”. Assim a escritora indígena Geni Núñez introduz o tema do colorismo em seu novo post no @genipapos. Ainda não segue? Corre lá. É aula atrás de aula.

“É muito grave misturar fenótipo ou genética com pertencimento étnico, pois nessa conta, o indígena de pele clara seria branco e o de pele negra, negro: nessa conta desaparecemos.”

Resistência Munduruku

Lideranças do povo Munduruku, cacique Juarez Saw Munduruku e Alessandra Korap Munduruku, participaram do evento CULTURESCAPES que tem a Amazonia como foco da edição deste ano. Hoje, em reunião no prédio do secretariado de economia junto com representantes da Associação para Povos Ameaçados (APA), do Banco Central Suíço, Banco Nacional, secretariado de Finanças Internacionais e Supervisão Financeira, as lideranças, Alessandra denunciou a participação de empresas internacionais na construção de projetos de altíssimos impactos na região do Tapajós. “Estes projetos nada mais trazem do que destruição para nós. Vamos perder tudo: a nossa cultura, a nossa língua, os nossos costumes”, diz Juarez Munduruku.

“Eles que financiam as grandes empresas para construir grandes portos graneleiros, denunciamos que esses bancos financiam a morte da floresta, dos rios ,expulsão de vários indígenas. E por isso que empresas brasileiras est˜ão por trás de projetos de lei como o PL 490 e do Marco Temporal. Não adianta falar do meio ambiente se está financiando a nossa morte, vamos sim lutar contra esses projetos de morte”, destacou Alessandra Munduruku.

Saiba mais sobre a controversa linha férrea Ferrogrão (EF-170) e o projeto “Complexo Hidrelétrico e Hidrovia do Tapajós”, com dados do relatório publicado pelo Conselho Indígena Tapajós Arapiuns (CITA), Pariri e a Associação para os Povos Ameaçados (APA).

Os povos indígenas que habitam as margens do Rio Tapajós, na Amazônia Brasileira, estão sendo ameaçados. Grandes projetos de infra estrutura como ferrovias, hidrovias, agronegócio e mineração estão em desenvolvimento na região como parte do processo de expansão do capital internacional sobre a floresta.

O documentário “Tapajós Ameaçado”, de Thomaz Pedro em associação com APA – Associação para Povos Ameaçados e GFBV – Gesellschaft für bedrohte Völker, acompanha mais de vinte lideranças indígenas para escutar de perto o que elas têm a nos dizer. A luta desses povos para manter seus modos de vida é essencial para conservar a floresta em pé e o rio vivo.